A “Convenção do Ensino Superior 20/30” vai ser promovida pelas 15 universidades que integram o CRUP, arranca a 7 de janeiro, em Lisboa, e quer preparar uma agenda que ajude a “aumentar e diversificar estudantes, pensar o acesso, alargar a ação social, fomentar a ligação entre o ensino e a investigação, melhorar a articulação com sociedade”.
“É tempo de preparar uma visão estratégica para a próxima década e as universidades sentem-se na obrigação de lançar a discussão sobre o futuro”, afirmou, em comunicado, António Fontainhas Fernandes, presidente do CRUP e reitor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).
A sessão inaugural contará com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e realizar-se-á no Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE).
A iniciativa tem como objetivo central “delinear estratégias para aumentar o número de estudantes do ensino superior visando cumprir a meta europeia de qualificação da população portuguesa”.
A segunda sessão será organizada pelas universidades da região Centro e terá lugar na Universidade de Aveiro, em março, sendo dedicada à articulação do ensino com a investigação.
A terceira convenção, em abril, será organizada pelas universidades do Norte e decorrerá no Porto, tendo como tema “a valorização do conhecimento” e a aproximação “dos sistemas académicos e científicos ao tecido produtivo, à administração pública e aos agentes culturais”.
Segundo Fontainhas Fernandes, o ensino superior em Portugal estagnou depois de reformas importantes em 2007-2009 com a entrada em vigor de Bolonha e o novo Regime Jurídico das Instituições do Ensino Superior (RJIES).
“O número de alunos não aumentou e os níveis de qualificação continuam distantes da média europeia” afirmou Fontainhas Fernandes.
Segundo dados do CRUP, mais de 60% dos jovens não entra no ensino superior, uns porque têm dificuldades económicas, outros porque acham que não compensa, outros porque não encontram respostas às suas expectativas.
O reitor acrescentou que “há gerações e gerações de jovens que todos os anos ficam fora do ensino superior, fazendo com que as qualificações dos portugueses continuem, agora e no futuro, muito longe dos níveis dos países desenvolvidos”.
Para o responsável, “o caminho para ultrapassar a estagnação parece claro”.
“Aumentar a qualificação do país exige reforçar as políticas de ação social e dar resposta a problemas atuais, como o do alojamento”, sustentou o presidente do CRUP.
E, na sua opinião, “um mundo em mudança exige também inovação na oferta educativa, pensar em novas formações e em novos métodos de ensino e de aprendizagem”.
A retenção de talentos é outra das preocupações dos reitores. “O país não pode continuar a dispensar os seus melhores quadros e a perder a massa cinzenta”, salientou Fontainhas Fernandes.
Para os reitores é “urgente pensar uma nova estratégia de modernização das universidades que permita requalificar e capacitar o seu património, quer ao nível dos espaços letivos, quer do parque científico”.
O anterior quadro de verbas europeias previa apenas a construção de instalações, mas não a sua requalificação e modernização e, para o presidente do CRUP, “na era da revolução digital não se pode ensinar e investigar em espaços pensados à luz do passado”.
O responsável disse ainda que é preciso que as universidades ultrapassem “o impasse em que se encontram”.
“A falta de articulação entre a atividade docente e a carreira científica tem de ser ultrapassada! Nós, os reitores, devemos promover a discussão dos estatutos das carreiras docentes e científicas, estes dois mundos devem articular-se mais, criar mais pontes entre si, o trabalho de ambos tem de ter mais conexões”, afirmou o reitor da UTAD.
As universidades, para Fontainhas Fernandes, “devem ser o local por excelência da investigação”.
O primeiro-ministro, António Costa, e o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior vão receber o CRUP na sexta-feira, tendo na agenda da reunião a convenção.
O CRUP representa as 14 universidades públicas e a Universidade Católica.
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