“O desenvolvimento saudável e estável das nossas relações é fundamental para a estabilidade e paz mundiais”, afirmou Xi.
Lula foi recebido hoje, em Pequim, por Xi Jinping, com guarda de honra, salvas de canhão e o hino dos dois países tocado por uma banda militar, que homenageou ainda o Brasil ao tocar a melodia da música “Novo Tempo”, de Ivan Lins.
A cerimónia decorreu junto à porta leste do Grande Palácio do Povo, de frente para a Praça Tiananmen, o centro físico e político da capital chinesa. Os dois estadistas reuniram-se a seguir num dos salões do Grande Palácio do Povo.
Xi disse que China e Brasil “são dois dos grandes países em desenvolvimento e dois importantes mercados emergentes”.
“As nossas relações são estáveis e estão em constante desenvolvimento”, frisou.
O líder chinês lembrou que os dois países têm “interesses comuns” e que Pequim vai dar “prioridade” às relações com Brasília. “Esta é uma relação que vai beneficiar ambos. A abertura da China vai trazer oportunidades para todos”, afirmou o líder chinês, no início da reunião.
A China “almeja a criação de um novo paradigma de desenvolvimento”, afirmou Xi, que mencionou ainda a Iniciativa de Segurança Global. Esta iniciativa visa construir uma “arquitetura global e regional de segurança equilibrada, eficaz e sustentável”, ao “abandonar as teorias de segurança geopolíticas ocidentais”. Em particular, a proposta chinesa opõe-se ao uso de sanções no cenário internacional.
Lula da Silva disse ainda que o seu governo quer trabalhar para que as relações entre China e Brasil “não sejam apenas de interesse comercial”.
“Queremos que transcenda para além do comercial e que seja profundo, forte”, disse o chefe de Estado brasileiro, apontando a importação da cooperação nos setores alterações climáticas, energia limpa ou tecnologia, visando cumprir os objetivos da Agenda 2030 da ONU.
Durante os primeiros dois mandatos de Lula da Silva, entre 2003 e 2011, a relação comercial e política entre Brasil e China intensificou-se, marcada, em particular, pela constituição do bloco de economias emergentes BRICS, que inclui ainda Rússia, Índia e África do Sul.
O grupo reuniu-se pela primeira vez em 2009 – na altura ainda sem a África do Sul -, na sequência da crise financeira global, e logo estabeleceu uma agenda focada na reforma da ordem internacional, visando maior protagonismo dos países emergentes em organizações como as Nações Unidas, o Banco Mundial ou o Fundo Monetário Internacional (FMI).
No conjunto, os BRICS representam cerca de 40% da população mundial e 24% do produto global bruto.
Na visão de Pequim e Moscovo, a ascensão dos BRICS ilustra a emergência de “um mundo multipolar”, expressão que concentra a persistente oposição dos dois países ao “hegemonismo” ocidental e, em particular, dos Estados Unidos.
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