Se o aquecimento “continuar a crescer ao ritmo atual”, sob o efeito das emissões de gases do efeito estufa, “deve chegar a 1,5° Celsius (C) entre 2030 e 2052″, de acordo com o relatório do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC).

Limitar o aquecimento global a quase um grau pode significar a diferença entre a vida e a morte de muitas pessoas e ecossistemas, sublinharam os responsáveis pelo documento, manifestando “pouca esperança” de que o mundo seja capaz de enfrentar este desafio.

O relatório, de 400 páginas, foi divulgado na cidade sul-coreana de Incheon, após uma reunião de cinco dias, em que participaram 570 representantes de 135 países.

O documento foi encomendado pela ONU após o Acordo Climático de Paris de 2015, no qual os signatários se comprometeram a manter o aquecimento global abaixo de 2ºC e limitá-lo a 1,5ºC em relação ao século XIX.

Os cientistas descrevem, com base em seis mil estudos, os impactos de um aquecimento de mais 1,5º Celsius, um nível que a Terra poderá atingir já em 2030 (2030-2052) devido à falta de uma redução maciça das emissões de gases de efeito estufa.

Mais 250 mil mortos todos os anos entre 2030 e 2050

As alterações climáticas vão causar mais 250 mil mortos todos os anos entre 2030 e 2050 em todo o mundo, devido a má nutrição, malária e outras doenças ou golpes de calor, estima a Organização Mundial da Saúde (OMS).

As consequências para a saúde pública das alterações climáticas vão estar precisamente hoje em discussão num seminário promovido pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), que pretende debater as ações para mitigar os riscos e para preparar os novos desafios.

O seminário conta com uma apresentação do especialista em clima Filipe Duarte Santos e com comentários de Alexandre Tavares, investigador da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra.

Segundo o INSA, este seminário visa contribuir para o debate sobre as consequências para a saúde pública das alterações climáticas, “constituindo uma plataforma onde os vários setores da sociedade possam contribuir” para se adotarem medidas que ajudem a minorar o impacto das alterações climáticas na saúde pública em Portugal.

Além da mortalidade estimada pela OMS, segundo dados deste ano, os custos diretos na saúde com os danos provocados pelas alterações climáticas vão situar-se nos dois a quatro mil milhões de dólares (1.700 milhões a 3.500 milhões de euros) por ano a partir de 2030.