Durante quase 10 anos, o relógio pendurado no templo era apenas um lembrete do dia 11 de março de 2011, data em que a costa nordeste do Japão foi atingida por um terramoto e tsunami que matou mais de 18.000 pessoas.
O templo Fumonji, que fica a centenas de metros da costa, foi atingido pelo tsunami e apenas os pilares e o telhado foram poupados pelo dilúvio. O relógio, que se pensa ter cerca de 100 anos, parou de funcionar nesse dia.
Bunshun Sakano, sacerdote do templo budista, resgatou o relógio e limpou-o, mas o relógio recusou-se a trabalhar durante dez anos. No entanto, a 13 de fevereiro deste ano apenas a semanas do 10.º aniversário da catástrofe, a mesma região foi atingida por um outro sismo.
Na manhã seguinte, Sakano foi verificar o salão principal para verificar se tinha sofrido algum dano quando ouviu o relógio, que depois de dez anos em silêncio tinha voltado a trabalhar.
"Talvez esteja a pressionar-me para avançar com nova determinação", disse Sakano, 58 anos, ao jornal Mainichi Shimbun.
O relógio, que Sakano tinha comprado numa loja de antiguidades em Fukushima parece ter voltado a trabalhar graças ao abanão do terramoto de fevereiro.
Um representante da Seiko, fabricante do relógio, explicou à publicação que "é possível que o pêndulo, que tinha parado, tenha recomeçado a mover-se com o tremor de terra, ou que a poeira que se tinha acumulado no interior se tenha soltado".
Recentemente, com as reuniões de bairro e as ações voluntariado suspensas pela pandemia do coronavírus, Sakano tinha começado a perguntar-se se tinha chegado o momento de terminar as suas atividades comunitárias, mas quando o relógio começou a trabalhar de novo, contou, foi como se estivesse a implorar-lhe que não desistisse e que "começasse a mover-se novamente".
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