“Queremos apelar à Polícia da República de Moçambique para que deixe de trabalhar para um único partido”, declarou André Madjirire, mandatário nacional da Renamo junto dos órgãos eleitorais, falando durante uma conferência de imprensa em Maputo.
Durante a conferência de imprensa, convocada seis horas depois da abertura das mesas de votação para as quintas eleições autárquicas em Moçambique, a Renamo denunciou irregularidades em mesas de votação de autarquias no centro e norte do país.
Segundo a Renamo, o primeiro caso acontece em assembleias de voto de Maganja da Costa, na província da Zambézia, onde os responsáveis pelas mesas de voto estão a distribuir aos eleitores dois ou mais boletins de voto para votar na Frelimo, partido no poder.
“As nossas reclamações não resultaram. A polícia está a bater nos nossos membros”, disse André Madjibire, acrescentando que isto está a acontecer nas assembleias de voto de todo o distrito, que não tem nenhum observador eleitoral.
De acordo com o membro da comissão política do principal partido de oposição em Moçambique, o segundo caso está a acontecer em Dondo, província de Sofala, onde os presidentes das mesas de voto estão a entregar boletins de forma desorganizada.
“Em Dondo praticamente não há eleições. O nosso cabeça de lista em Dondo até manifestou intenção de abandonar o processo e nós aconselhámo-lo a continuar”, afirmou André Madjibire.
No município de Lichinga, na província de Niassa, a Renamo acusa o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) de desorganizar propositadamente a lista de afetação dos membros das mesas de votação.
Em Gaza, segundo a Renamo, em todas as autarquias, o STAE deu ordem para que se recolhesse as cópias dos cadernos eleitorais que estão na posse dos delegados de candidatura, o que a Renamo considera uma tentativa de fraude.
“Eles querem usar cadernos fantasmas aqui, já que o nosso delegado de candidatura não pode acompanhar o processo sem a cópia do caderno”, disse André Madjirire.
Em Tete, segundo André Madjibire, na Escola EP1 de Maenda, há casos de eleitores que não têm o nome nos cadernos oficiais, mas os mesmos nomes constam das cópias dos cadernos que estão com os delegados de candidatura.
“Isso significa que há cadernos fantasmas”, frisou André Madjirire.
“Nós queremos lançar um apelo às organizações da sociedade civil, aos observadores e ao corpo diplomático em Moçambique para verificar o que está a acontecer”, concluiu o membro da comissão política, lembrando que o país atravessa um momento de paz e os conflitos são gerados pela falta de transparência nos escrutínios.
A Lusa entrou em contacto com o porta-voz da Comissão Nacional de Eleições (CNE), Paulo Cuinica, que disse que o órgão ainda não recebeu as denúncias da Renamo.
“Ainda não recebemos uma denúncia formal, mas vamos procurar apurar a veracidade destas informações junto dos respetivos pontos”, afirmou o porta-voz da CNE.
Hoje, 3.910.712 eleitores escolhem presidentes dos 53 municípios moçambicanos e respetivos membros de assembleias.
O STAE montou 5.459 assembleias municipais e recrutou 38.213 membros das mesas de voto.
Estão credenciados cinco mil observadores nacionais e 250 estrangeiros e mil jornalistas nacionais e estrangeiros.
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