“Dada a situação catastrófica que se desenvolveu na fábrica metalúrgica Azovstal e além de serem guiadas por princípios puramente humanos, as Forças Armadas russas apelam aos militantes dos batalhões nacionalistas e aos mercenários estrangeiros para, a partir das 06:00, de 17 de abril de 2022, cessem quaisquer hostilidades e deponham as armas”, disse, em comunicado, o chefe do Centro de Controlo de Defesa russo, coronel general Mikhail Mizintsev, de acordo com a agência de notícias oficial russa Tass.

“A todos aqueles que depuserem as armas é garantido que pouparemos a vida”, acrescentou.

Situada no mar de Azov, Mariupol é um dos principais objetivos dos russos no esforço para obter controlo total da região de Donbass e formar um corredor terrestre, no leste da Ucrânia, a partir da península da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014.

Mizintsev disse que o conteúdo das “negociações entre militantes de formações nacionais e mercenários bloqueados em Mariupol na fábrica metalúrgica Azovstal testemunham uma situação desesperada, em que exigem persistentemente a autorização oficial de Kiev para se renderem, mas em resposta recebem ameaças de execução”.

O responsável russo acrescentou que os militantes estão “numa situação desesperada, praticamente sem comida e água”.

A declaração divulgada, ao início da madrugada, vai ser também enviada à ONU, à Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), ao Comité Internacional da Cruz Vermelha e a outras organizações internacionais, indicou a Tass.

Num discurso à nação, no sábado à noite, o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, advertiu que “a situação em Mariupol continua tão grave quanto possível, simplesmente desumana” e culpou a Rússia por “continuar deliberadamente a destruir cidades”.

Zelensky sublinhou que os russos “estão deliberadamente a tentar aniquilar todos aqueles que ficam em Mariupol”, de acordo com a agência de notícias local Ukrinform.

O responsável adiantou que o governo ucraniano tentou, desde o início da invasão russa, encontrar “uma solução, militar ou diplomática, para salvar” a população, mas “até agora, não tem havido uma opção 100% sólida”.

Os ataques russos causaram uma das maiores catástrofes humanitárias em Mariupol ao bombardear residentes desarmados e bloquear a chegada de ajuda humanitária, de acordo com a Ukrinform.

De acordo com o gabinete do presidente da câmara de Mariupol, pelo menos 20 mil civis já morreram, desde o início da invasão russa, enquanto os serviços de informações do Ministério da Defesa ucranianos afirmaram que os russos enviaram até 13 crematórios móveis para a cidade para retirar das ruas corpos de civis assassinados.

As autoridades ucranianas indicaram que cerca de 120 mil civis permanecem na cidade sitiada, defendida pelo regimento Azov, fuzileiros navais e outras forças.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou quase dois mil civis, segundo dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.

A guerra causou a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, mais de cinco milhões das quais para os países vizinhos.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.