Segundo fonte do partido, a intervenção de António Costa irá contrapor a ideia de uma “oposição prisioneira do passado” a um Governo “com olhos no futuro”, que quer mobilizar a geração 20/30 e apostar numa década de convergência com a União Europeia.

A pouco mais de um mês das eleições autárquicas de 01 de outubro, os socialistas retomam a tradição de marcar o regresso das férias de verão no Algarve, depois de no ano passado terem optado por um modelo diferente, com uma conferência que decorreu em Coimbra, já em meados de setembro.

Entre os vários convidados para os debates então realizados esteve a deputada do BE Mariana Mortágua, com um discurso várias vezes aplaudido pela plateia socialista e que acabou por gerar alguma polémica.

"Não podemos ter vergonha de ir buscar a quem está a acumular dinheiro. Cabe ao PS, se quer pensar as desigualdades, dizer o que é que pensa do sistema económico, do capitalismo 'financeirizado'", disse Mariana Mortágua, que dias antes tinha defendido um novo imposto sobre imóveis de luxo, o qual meses mais tarde haveria de se concretizar.

Há um ano, no discurso com que encerrou a ‘rentrée’ socialista, António Costa destacou as medidas que o Governo estava a preparar para aumentar as pensões mais baixas, o salário mínimo nacional e o Índice de Apoios Sociais.

Hoje, o secretário-geral do PS falará duas semanas depois da ‘rentrée’ social-democrata, no Pontal, em Quarteira, onde o líder do PSD, Pedro Passos Coelho, também fez declarações polémicas sobre as alterações “à lei de estrangeiros”, acusando o Governo de ter feito uma cedência ao "radicalismo de esquerda" porque as modificações permitem que, na prática, qualquer pessoa possa ter autorização de residência em Portugal desde que arranje uma promessa de contrato de trabalho.

"O Estado deixará de ter condições para simplesmente expulsar alguém que possa, sendo imigrante, ter cometido crimes graves contra a própria sociedade portuguesa", frisou Passos Coelho, questionando porque não se discutem as implicações que isso poderá vir a ter para a segurança do país a médio e longo prazo.

“O que é que vai acontecer ao país seguro que temos sido se esta nova forma de ver, a possibilidade de qualquer um residir em Portugal, se mantiver", interrogou.

Contudo, eventuais trocas de críticas entre PSD e PS nunca chegaram ao clima de tensão e expectativa que, há 22 anos, envolveu o comício social-democrata do Pontal, com o então primeiro-ministro Aníbal Cavaco Silva, e o comício socialista da Pontinha, com António Guterres.

Há mesma hora, na mesma cidade – Faro – e a centena de metros de distância, Cavaco, na reta final dos dez anos em que chefiou o Governo, e Guterres subiram aos palcos a mês e meio das legislativas, num arranque da pré-campanha eleitoral.

Ao longo dos anos, PSD e PS voltaram a reeditar o Pontal, que agora se realiza no calçadão da Quarteira, e a Pontinha, mas o impacto não voltou a ser a mesmo.