“O potencial para o Estado Islâmico providenciar financiamento e recursos aos insurgentes e a possível chegada de reforços da Tanzânia vai provavelmente fortalecer a insurgência, tornando o recomeço do projeto de exploração de gás natural liquefeito nos próximos 12 anos improvável”, lê-se num comentário aos principais acontecimentos em várias economias africanas.

No comentário, enviado aos investidores e a que a Lusa teve acesso, a Eurasia diz que “a insurgência deverá persistir, no seguimento da reorganização do grupo terrorista que opera em Moçambique”.

Em 10 de maio, os terroristas atacaram o distrito de Macomia, e o Estado Islâmico designou Moçambique como uma das suas províncias (Wilaya Moçambique), dizem os analistas, concluindo que “o anúncio demonstra a reorganização das operações do grupo terrorista em África e um alargamento das suas operações no país”.

A análise da Eurasia contradiz a opinião do comandante-geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), Bernardino Rafael, que disse há uma semana que “a guerra contra o terrorismo está quase a chegar ao fim”.

Bernardino Rafael fez um ponto de situação sobre o combate contra grupos armados que aterrorizam distritos da província de Cabo Delgado, no dia 13 de maio, quando falava com um contingente militar do Ruanda, no Posto Administrativo de Chai, distrito de Macomia.

“Não estamos a dizer que chegámos ao fim, mas está quase”, declarou Rafael, salientando que já foram executadas 70% das operações militares planeadas contra os grupos armados que atuam na província de Cabo Delgado.

A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

A petrolífera francesa TotalEnergies retirou-se da região no ano passado, e só voltará quando estiverem reunidas condições de segurança, algo que a própria empresa estima poder acontecer ainda este ano.

Há 784 mil deslocados internos devido ao conflito, de acordo com a Organização Internacional das Migrações (OIM), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.

Desde julho de 2021, uma ofensiva das tropas governamentais, com o apoio do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), permitiu recuperar zonas onde havia presença de rebeldes.