"Temos muitas fragilidades. Desde logo somos uma cidade e um país periférico. Sabemos que há países poderosos que irão desenvolver lobbies políticos. Mas mais que as fragilidades, temos forças. Temos gente muito empenhada, temos capacidades, temos uma cidade espetacular para apresentar à Europa, temos um país também espetacular que tem sido muito bem classificado no turismo", disse Eurico Castro Alves.

O ex-presidente do Infarmed, e antigo secretário de Estado da Saúde que já integrou o Grupo dos Chefes das Agências do Medicamento no Espaço Económico e Europeu, falava aos jornalistas numa conferência de imprensa convocada pela Câmara do Porto em reação ao anúncio hoje do Governo de que será a cidade portuense a candidatar-se a acolher a EMA (sigla em inglês).

Eurico Castro Alves admitiu que o facto de Portugal já ter duas agências europeias, ambas localizadas em Lisboa, pode ser "uma fragilidade", mas sublinhou que a candidatura do Porto é "robusta".

Já questionado sobre quais os edifícios, no Porto, que poderão acolher a EMA, o responsável disse que "são vários", acrescentando que também existem, na cidade, terrenos onde podem ser “construídos edifícios que cumpram com os requisitos necessários".

"Depois, em tempo oportuno, vamos dizer quais são [os edifícios]. Encontramos no Porto todas as soluções para todos os pedidos que venham a ser feitos", sintetizou.

A candidatura portuguesa para acolher a EMA, atualmente localizada em Londres, mas que será relocalizada no seguimento da decisão do Reino Unido de sair da União Europeia, tem de ser entregue até 31 de julho, um prazo que não preocupa Castro Alves.

"Nós preparamos a candidatura do Porto em escassos quatro dias. Fez-se um pequeno milagre porque nós cumprimos, na íntegra, todos os requisitos, que foram demonstrados de forma tecnicamente muito competente. Esta decisão do Conselho de Ministros só foi possível, porque o Porto foi capaz de demonstrar inequivocamente que correspondia tecnicamente a todos os requisitos. O prazo vai ser cumprido seguramente", disse o antigo secretário de Estado da Saúde.

Eurico Castro Alves avançou que na EMA trabalham cerca de 40 portugueses e que existe uma "previsão" de que "10 a 15 dos atuais colaboradores da EMA queiram ficar em Londres", fator que também não o preocupa.

"Temos duas faculdades de Farmácia no Porto, uma privada [Universidade Fernando Pessoa] e uma pública [Universidade do Porto], com as quais já falamos, e que vão já começar a trabalhar cursos de pós-graduação, no sentido de termos pessoas formadas para colmatar falhas que venham a ocorrer e que podem ser de algumas dezenas de postos de trabalho", referiu.

"Evidentemente que [a colaboradores] do Infarmed, que é normal que transitem para a EMA, fica-lhes muito mais perto vir para o Porto do que ir para Londres. Essa questão dos recursos humanos está perfeitamente cabimentada", acrescentou.

O Conselho de Ministros decidiu hoje candidatar a cidade do Porto para acolher a sede da Agência Europeia de Medicamento, anunciou a ministra da Presidência, Maria Manuel Leitão Marques.

"O Porto está mais próximo do centro da Europa, está mais perto do centro da Península [Ibérica", assinalou por seu lado o ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes.

No seguimento deste anúncio, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, considerou que o Governo "tomou a decisão certa" ao decidir candidatar a cidade do Porto para acolher a sede da EMA, apontando que "valeu a pena levantar a voz".