“Constatando-se o risco, que será avaliado de três em três anos, mais habitações terão que ser retiradas daquele espaço, mas, nos próximos três anos, serão estas 60 e não haverá mais demolição alguma”, afirmou João Matos Fernandes, à margem de uma audição parlamentar na Comissão de Ambiente, Ordenamento do Território e Poder Local.
Na audição do ministro do Ambiente, requerida pelos grupos parlamentares do PCP e do BE, o deputado do PCP Paulo Sá considerou que estas 60 demolições são “uma ilusão”.
“Há sempre alguém a querer enganar as pessoas. Primeiro anunciam-se estas 60 demolições e depois outras 60 […] Não tentem enganar as pessoas”, reclamou o deputado comunista, referindo que o PCP vai continuar a defender as populações da ria Formosa.
No dia 13 de janeiro foram enviadas 24 cartas de notificação aos proprietários de habitações no núcleo dos Hangares e 36 no núcleo do Farol, na ilha da Culatra (Algarve), num total de 60 habitações, com vista à tomada de posse administrativa e demolição, lembrou o governante.
“Para que não fique qualquer dúvida, a responsabilidade pelo envio destas cartas é minha”, assumiu João Matos Fernandes, respondendo, assim, à questão do deputado do PCP sobre se “a Sociedade Polis Ria Formosa ao enviar estas notificações está a seguir recomendações do Governo ou está a agir à revelia”.
De acordo com o ministro do Ambiente, destas 60 demolições previstas, existem sete habitações (três nos Hangares e quatro no Farol) em que o Governo está à espera que os proprietários provem que, mesmo que estas construções não sejam para primeira e única habitação, exercem a atividade de pescador, mariscador ou viveirista, ou que se encontre reformado.
“Este Governo voltou a trazer para a ordem do dia a questão das demolições, não enveredou pelo diálogo com as populações, o que é lamentável”, criticou o deputado do Bloco de Esquerda, João Vasconcelos.
Para o deputado do PSD José Carlos Barros, “não é indiferente saber o número de casas a serem demolidas”, porém “o essencial são os projetos de requalificação” para a ria Formosa.
“Ao contrário do anterior Governo, que pôs os ovos todos no mesmo cesto, o cesto das demolições, nós estamos a avançar com projetos de requalificação”, declarou o governante, referindo que os projetos estão previstos avançar “ainda durante o mês de fevereiro”.
Segundo o ministro do Ambiente, os projetos de requalificação para a ria Formosa estão “nas mãos das quatro autarquias – Faro, Olhão, Loulé e Tavira”, uma vez que “o capital financeiro da Sociedade Polis já não é suficiente para abranger estes projetos”.
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