As fortes chuvas dos últimos dias, sobretudo as registadas no domingo, fizeram subir consideravelmente o leito do rio na noite de domingo, a partir das 23:00, embora sem a dimensão de outras cheias, disseram vários moradores.
“A água começou a entrar-me em casa cerca das 00:30”, referiu Armando Vicente Pereira, de 76 anos, de vassoura na mão, já habituado às subidas do leito do rio e às limpezas provocadas pelas inundações.
A água entrou cerca de 20 centímetros dentro da sua habitação, situada na rua principal da localidade, que é inferior ao já registado noutras cheias, que são recorrentes no Cabouco, freguesia de Ceira.
“Já estamos batidos nisto”, desabafou o septuagenário, que não contabilizou prejuízos desta vez.
Na mesma rua, o café Tolan procedia também à limpeza do espaço, depois de o espaço ter ficado alagado durante a madrugada, com a água a atingir meio metro de altura.
Luís Simões, que reside por cima do café, salientou que o rio começou a encher “mesmo a sério” a partir das 11:00 e que só começou a baixar a partir das 08:30.
Na rua de Santa Luzia, o cenário ainda era pior, com lama ainda bem visível próximo da hora de almoço.
Maria de Assunção Rodrigues, de 86 anos, e alguns familiares procediam a limpezas, depois do nível da água ter atingido cerca de 80 centímetros durante a madrugada.
“Está tudo fora dos eixos”, refere a octogenária, que reside na localidade desde o ano 2000 e já se confrontou “várias vezes” com situações de inundação.
Às 12:30, os bombeiros voluntários de Coimbra e de Brasfemes ainda procediam à limpeza das ruas e de alguns muros, tarefa que iniciaram cerca das 09:00.
O vereador da Proteção Civil da Câmara Municipal de Coimbra, Carlos Lopes, explicou que, entre as 23:30 de domingo e a meia-noite de hoje, se registou “um episódio de cheia rápida, com o rio Ceira e o rio Mondego a demorarem muito pouco tempo a galgarem as margens” no Cabouco, “uma zona com grande histórico neste tipo de situações”.
“A pedido dos próprios, houve três idosos que foram retirados, embora não tenha sido uma situação emergente. Duas dessas pessoas, que estavam lá a passar uns dias porque iam ter uma consulta no hospital, foram levadas pela Cruz Vermelha para as suas casas, em Tábua, e a idosa residente do Cabouco pernoitou em casa de amigos”, indicou.
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