“Fiquei chocado quanto tive oportunidade de ver no canal público de televisão o Telejornal da próxima segunda-feira por antecipação. Dizia a notícia: o PS ganha as eleições europeias. Como é possível um canal de televisão dizer hoje, quando as eleições ainda não se realizaram, que o PS ganha porque uma sondagem diz que o PS vai à frente?”, questionou, num comício ao ar livre, na Praça da República, em Aveiro, que juntou centenas de pessoas.
“As eleições não se decidem em canais de televisão, em sondagens, mas em eleições”, afirmou, apelando a todos para que votem no próximo domingo para mostrar que as eleições “se decidem nas urnas com a vontade do povo e não de uma qualquer outra forma que queiram inventar”.
Uma sondagem da Universidade Católica realizada para a RTP e jornal Público coloca o PS como o partido mais votado nas eleições europeias de domingo, com 33% dos votos, seguido do PSD, com 23%, do BE, com 9%, da CDU e do CDS-PP, ambos com 8%, e do PAN e do Aliança, ambos com 3%.
Na sua intervenção, Rio referiu-se à presença dos ex-líderes do partido Pedro Passos Coelho e Manuela Ferreira Leite na campanha (na segunda e na terça-feira) e antecipou que também Luís Filipe Menezes (na quarta-feira) e Francisco Pinto Balsemão (na quinta-feira, num almoço em Lisboa) marcarão presença.
“Nós gostamos de mostrar a nossa história, há partidos que sentem necessidade de esconder a sua história, se estivesse no lugar deles bem os entendia”, afirmou, mas sem se referir ao antigo líder do PSD Marques Mendes que, segundo o Expresso, não foi convidado pelo presidente do partido pelas posições críticas que tem assumido na SIC contra a atual direção.
O líder do PSD voltou a referir-se ao que considera serem falhas dos serviços públicos, em áreas como a saúde, os transportes ou a proteção civil, lamentando que o primeiro-ministro, António Costa, não considere estes temas suficientemente graves para admitir demitir-se.
“Nada disto, o Serviço Nacional de Saúde, os transportes, as mortes nos incêndios de 2017, as mortes em Borba por falta de manutenção de uma ponte, o roubo de armas em Tancos, nada disto é motivo para o primeiro-ministro admitir ponderar a demissão. O primeiro-ministro só admite apresentar a demissão quando estão em causa interesses táticos do PS”, acusou, referindo-se à recente ameaça de crise política relacionada com o tempo de serviço dos professores.
Rio criticou ainda BE, PCP e PS por “darem a entender que estão zangados” nesta campanha para as europeias, “atacando-se uns aos outros”.
“Mas, todos sabemos que, a seguir às legislativas, voltam a dar as mãos se necessário e deitam a zanga para o lado”, acusou.
Pelas 21:00, hora prevista para o comício, os ocupantes das centenas de cadeiras colocadas na Praça da República ainda se contavam pelos dedos.
No entanto, foram muitos os apoiantes que se concentraram à frente do hotel onde se encontravam Rui Rio e o cabeça de lista do PSD às europeias, Paulo Rangel.
Pelas 21:35, ambos saíram e percorreram a pé as dezenas de metros entre o hotel e a praça, num cortejo encabeçado por um grupo de bombos que tocava uma espécie de samba e ladeados pela Juventude Social-Democrata.
Dez minutos depois, quando arrancou o comício, centenas de pessoas praticamente enchiam a praça, com algumas cadeiras vazias na parte de trás, mas também algumas pessoas de pé mais perto do palco.
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