Rui Rio participava numa sessão pública noturna de perguntas de jovens militantes, organizada pela Juventude Social-Democrata (JSD), no Mercado de Santa Clara, Lisboa.

"Apoiei o dr. Mário Soares nas duas voltas. Aí, não era exatamente a favor de Mário Soares nem contra Freitas do Amaral. A sociedade portuguesa vivia uma clivagem muito grande entre esquerda e direita", disse.

O líder social-democrata recordou que "o Partido Comunista engoliu um sapo ou tinha de tapar os olhos para votar [em Mário Soares], como dizia o Álvaro Cunhal".

"Eu, naquela altura, preferia francamente o lado da esquerda moderada do que da direita moderada", confirmou.

Rio confessou a sua "admiração imensa" pelo fundador do PPD/PSD, Sá Carneiro, personalidade política portuguesa preferida, pela sua "maneira de ser e simpatia pessoal e política", mas reconheceu "o inegável trabalho desenvolvido no país" por Cavaco Silva, durante os dez anos no Governo.

Num registo mais pessoal, o presidente do PSD elegeu como "dia mais feliz" da sua vida, o de "maior alívio", o dia em que terminou o curso de Economia, no Porto, "e saiu a última nota", mais até do que o dia do nascimento da filha única, "ao fim de andar ali a penar, numa faculdade em que andavam 500 e passavam três ou quatro".

Para Rui Rio, o seu "maior defeito é a maior qualidade também: uma certa e excessiva inclinação para o rigor", enquanto o prato predileto é "lampreia à bordalesa", assumindo ainda como 'guilty pleasure' o açúcar, "coisas doces".

Sobre uma espécie de receita para vencer eleições, o líder social-democrata, embora sublinhando que "cada eleição é diferente", pelas suas circunstâncias, como por exemplo as legislativas de 06 de outubro próximo, confiou nos seguintes ingredientes: "seriedade intelectual, coragem e competência, o que, no conjunto, dá credibilidade"

"Se as pessoas nos reconhecerem, damos um passo para ganhar eleições", afirmou, destacando ainda a "equipa envolvente", que "também é muito relevante".

O presidente do PSD defendeu também a realização de eleições primárias nos partidos, mas só de "xis em xis anos, não fazer sempre".

"A cada 10 ou 15 anos. Quem deve escolher são os militantes, mas também há o enquistamento. De xis em xis anos, devemos abrir o partido. Agora, primárias permanentemente, não", disse.

Rio assinalou ainda os serviços públicos como "área em que o Governo mais tem falhado", com uma "degradação" que não se lembra de ter visto antes, tanto "no Serviço Nacional de Saúde (SNS) como nos transportes, nos seis meses de espera para o cartão do cidadão ou na parte administrativa da Segurança Social", além da "ausência sustentada de crescimento económico".

O líder social-democrata desejou ainda repetir o plano de férias de sempre, na sua "casa na margem sul do rio Lima (Viana do Castelo)", embora este ano tenha de ser necessariamente menos tempo, em virtude do calendário eleitoral.