“É indiscutível e é evidente: o que estava em disputa resolveu-se com os resultados das eleições. Aceitamos os resultados e esperamos que se continue a respeitar a vontade do povo” disse Mugabe, 94 anos, em declarações registadas pelo jornal estatal Chronical após as cerimónias fúnebres da sogra do ex-presidente.

Mugabe foi afastado do poder em novembro de 2017 após um golpe militar desencadeado pela destituição de Mnangagwa do cargo de vice-presidente.

Pouco antes das eleições presidenciais, Robert Mugabe, afirmou que não votaria “naqueles que o tinham atormentado”.

Analistas locais especulam sobre a possibilidade de Mugabe estar a tratar de proteger os interesses pessoais ao apoiar o resultado das eleições.

O ex-presidente recebe uma pensão avultada, viaja a expensas do Estado e mantém vários negócios no Zimbabué.

A mulher, Grace Mugabe, também demonstrou apoio ao atual chefe de Estado, que lhe fretou um avião privado que a transportou de Singapura, onde se encontrava esta semana, para poder assistir ao funeral da mãe, no Zimbabué.

“O senhor Mnangagwa gosta de nós e sabe que nós também gostamos dele. Rezamos por ele porque é vontade de Deus que ele seja o presidente do país. Rezamos para que Deus lhe dê sabedoria para liderar o país”, disse Grace Mugabe.

“O presidente Mnangagwa fretou um avião. Apenas tivemos que fazer um telefonema. Era um avião lindo, um Gulfstream 650 novo. Mnangagwa consolou-me. Se a minha mãe teve de morrer para retomarmos a nossa antiga amizade, que assim seja”, acrescentou Grace Mugabe.

As declarações do antigo casal presidencial constituem uma mudança em relação às últimas afirmações públicas em que demonstraram falta de acordo com o que consideram ter sido “um golpe de Estado”.

De acordo com a imprensa local, em 2017 Mugabe destituiu Mnangagwa do cargo de vice-presidente por pressão de uma fação do partido no poder desde 1980 (ZANU/PF) que apoiava os planos de Grace Mugabe que pretendia alcançar o poder após a morte do marido, uma versão que tem sido negada por Robert Mugabe.