“Sobre estes assuntos eu comunico sempre da mesma maneira: as questões que têm a ver com a justiça, é a justiça que tem de as resolver, elas não devem interferir com a política e com o seu normal devir”, afirmou Paulo Rangel, em declarações à Lusa e Antena 1, no âmbito de uma entrevista que será divulgada na íntegra na sexta-feira.
Em San Sebastián (Espanha), onde se realizaram as jornadas parlamentares do grupo Partido Popular Europeu (PPE), o líder da delegação social-democrata em Bruxelas manifestou o desejo de que tudo “se esclareça o mais rapidamente possível” e considerou que, por enquanto, as informações já divulgadas a propósito da operação “Rota Final” da Polícia Judiciária “são escassas e nada claras”.
Questionado se a constituição do antigo autarca da Guarda como arguido pode afetar a sua tomada de posse como eurodeputado, em 02 de julho, Rangel começou por responder: “Sinceramente, não me compete a mim em caso nenhum dizer isso”.
“A circunstância de haver uma investigação e de ter o estatuto de arguido – que, em certo sentido, é preferível a não haver estatuto nenhum – não tem nenhuma interferência com o exercício do mandato e o acesso ao mandato”, acrescentou.
Paulo Rangel referiu que “a quantidade de deputados europeus que são arguidos é enorme” e que, em muitos casos, “não houve nenhuma consequência nas suas vidas quando as coisas se decidem”.
“Há aqui várias pessoas com esse estatuto, sob investigação, umas acusadas, umas que pediram para levantar imunidade, outras que não pediram e foi levantada, outras que pediram para não ser levantada. Não há nenhuma razão para abrir aqui uma exceção com qualquer pessoa, uma vez que há uma experiência no passado que fala por si”, defendeu.
O eurodeputado e vice-presidente do grupo parlamentar e do PPE reiterou que a justiça e a política são “esferas separadas”.
“O que temos de fazer aqui é apenas aguardar e respeitar os tempos de cada um dos sistemas, político e de justiça”, defendeu.
As autoridades constituíram cinco arguidos no âmbito da operação "Rota Final", entre eles o antigo presidente da Câmara Municipal da Guarda Álvaro Amaro, eleito eurodeputado nas europeias de 26 de maio, disse hoje à agência Lusa fonte policial.
Na quarta-feira, uma nota publicada na página da internet da Procuradoria-Geral Distrital de Coimbra (PGDC) dava conta de que quatro pessoas, entre ex-autarcas, funcionários de autarquias e de uma empresa de transportes, tinham sido constituídas arguidas neste inquérito, que investiga um alegado esquema fraudulento de viciação de procedimentos de contratação pública.
Segundo a fonte policial, uma quinta pessoa, que se encontrava no estrangeiro, chegou na quarta-feira a Portugal e também foi depois constituída arguida.
Álvaro Amaro participou até quarta-feira de manhã nas jornadas parlamentares do grupo PPE, que se realizaram em San Sebastián (Espanha).
Na Câmara da Guarda, o vice-presidente do PSD Álvaro Amaro renunciou ao mandato para ser deputado ao Parlamento Europeu, na sequência das eleições de 26 de maio último, deixando a presidir o município o seu antigo vice-presidente.
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