A remoção foi solicitada por 37 "cidadãos ilustres", numa petição dirigida ao autarca em que se invocava o "desgosto estético" e a "desaprovação moral" suscitados pela obra, pedindo ao autarca "o favor higiénico de mandar desentulhar aquele belo largo de tão lamentável peça e despejá-la onde não possa agredir a memória de Camilo”.

De acordo com uma declaração da Câmara citada pelo jornal Público, a autarquia sublinha que "ao contrário da informação que estava na posse do presidente da Câmara do Porto, a doação previa também a colocação da estrutura no Largo Amor da Perdição, doação essa que tinha sido aprovada pelo executivo municipal em 2012. Neste contexto, não pode o Presidente da Câmara anuir, sem mais, ao que foi solicitado, pelo abaixo-assinado, que é do conhecimento público. Naturalmente, isso não se impede que, futuramente, e em qualquer momento, o assunto possa a vir ser suscitado no mesmo órgão municipal".

Desta forma, a decisão de terça-feira partia do pressuposto de que a Câmara Municipal do Porto, então presidida por Rui Rio, não tinha aceitado formalmente a localização da obra na altura que esta foi doada à cidade, e assim, com base nesse argumento, a autarquia decidiu aceder ao pedido dos 37 subscritores da petição de a retirar do lugar.

Nessa mesma ata da reunião do executivo municipal de 23 de outubro de 2012, que o jornal solicitou à autarquia, a aceitação de doação da estátua Amores de Camilo, proposta pelo escultor Francisco Simões, foi aprovada por unanimidade no lugar onde hoje se encontra.

Recorde-se que já no dia de hoje, presidente da Câmara do Porto, afirmou que iria, por decisão própria, retirar a estátua de Francisco Simões, do Largo Amor de Perdição, por considerar a escultura "feia e de mau gosto", decisão que agora reverteu.

A escultura, da autoria de Francisco Simões, está instalada há 11 anos no Largo Amor de Perdição e representa o autor Camilo Castelo Branco abraçado a uma jovem nua, retratando Ana Plácido.