“Compreendo, isto não quer dizer que o país esteja mal, mas quer dizer que o país está longe de estar bem como o governo diz que está”, afirmou Rui Rio, em declarações aos jornalistas, depois da sessão de abertura de uma iniciativa de formação política para as Mulheres Social-Democratas, em Lisboa.
Para o presidente do PSD, se o Governo “diz que o país está fantástico e faz um Orçamento do Estado que dá tudo e mais alguma coisa a toda a gente”, é justo que as várias classes profissionais apresentem as suas reivindicações.
“Naturalmente que semeando ventos colhe tempestades. Compreendo esta greve, como compreenderei outras”, afirmou, alertando que, “se as pessoas tivessem mais consciência de como o país está, eram mais moderados nas suas reivindicações”.
Questionado se o PSD estivesse no Governo não aumentaria salários e pensões, Rui Rio respondeu que, se fosse esse o caso, todos os orçamentos desde 2015 teriam sido diferentes.
“Tinham estado ao abrigo de uma filosofia diferente, que privilegiava exportações e crescimento sustentado, e depois a distribuição. Se calhar em 2019 até estávamos a colher frutos maiores”, admitiu.
Os funcionários públicos cumpriram hoje uma greve nacional que levou ao encerramento de escolas, serviços de saúde, autarquias, tribunais e finanças e deixou o lixo por recolher em muitas localidades, esperando que o Governo responda agora às suas reivindicações.
Segundo o secretário geral da Federação Sindical da Administração Pública (FESAP), José Abraão, esta foi a maior greve na Função Pública desde o período de intervenção da ‘troika’, com adesões médias entre os 80 e 90 % na saúde e na educação e de 100% em muitas autarquias e tribunais.
A coordenadora da Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública, Ana Avoila, também considerou que esta foi “uma das maiores greves dos últimos anos”, com uma adesão média global de cerca 85%.
A presidente do Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE), Maria Helena Rodrigues, lembrou que o seu sindicato não fazia uma greve desde 2013 e salientou “a grande adesão dos técnicos superiores”, na justiça, finanças e impostos, entre outros setores.
Inicialmente a greve foi convocada pela Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública (CGTP) para pressionar o Governo a incluir no OE2019 a verba necessária para aumentar os trabalhadores da função pública, cujos salários estão congelados desde 2009.
Mas, após a última ronda negocial no Ministério das Finanças, em 12 de outubro, a Federação de Sindicatos da Administração Pública (FESAP) e o Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE), ambos filiados na UGT, anunciaram que também iriam emitir pré-avisos de greve para o mesmo dia, tendo em conta a falta de propostas do Governo.
Os sindicatos da Função Pública e os seus representados ficaram desiludidos com o anúncio, pelo ministro das Finanças, de que o OE2019 tem uma margem de 50 milhões de euros para o crescimento dos salários.
Embora defendam aumentos salariais diferentes, entre os 3% e os 4%, as três estruturas sindicais estão de acordo na maior parte das reivindicações, querem que o descongelamento de carreiras deixe de ser faseado, que o subsídio de refeição seja aumentado e pretendem a reposição de direitos, como os 25 dias úteis de férias.
A Frente Comum reivindica aumentos de 4% e um aumento mínimo de 60 euros, para quem ganhe até 1.500 euros.
A FESAP reivindica 3,5% de aumento e o STE reivindica 3%.
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