O Governo anunciou na sexta-feira que vai avançar unilateralmente com a sua proposta de contagem de tempo de serviço congelado aos professores, devolvendo em janeiro de 2019 apenas dois anos, nove meses e 18 dias, dos mais de nove anos reivindicados pelos sindicatos.
"Era quase evidente que não ia haver acordo, dada a posição dos sindicatos e do Governo e a margem que o Governo tem não dá possibilidade de conciliar. Aí, é o Governo que tem de dar uma resposta. Não sou eu, nem é o sindicato que tem de dar uma resposta", disse Rui Rio em Castanheira de Pêra, no distrito de Leiria.
Para o presidente do PSD, "se foram criadas expectativas aos professores para se contar todo o tempo de carreira, agora [o Governo] tem de arcar com a responsabilidade de o ter feito".
"Há um discurso político que nos empurra para uma dada situação. Se o discurso político é de uma economia saudável, é de estarmos praticamente no país das maravilhas e que os professores têm toda a razão, então de que é que se está à espera se não dar a razão aos professores, porque há folga? Mas, agora - no momento de dar -, já não há folga", criticou.
Rui Rio falava aos jornalistas na Praia das Rocas, em Castanheira de Pêra, um dos concelhos mais afetados pelo incêndio de Pedrógão Grande, em junho de 2017.
Sobre as suspeitas de irregularidades na reconstrução de casas afetadas pelo fogo, o líder social-democrata salientou que é necessária uma "ação célere da justiça e do Ministério Público", para que "rapidamente fique clarificado e emendado, na medida do possível".
Questionado sobre se o Governo falhou no acompanhamento dos processos de reconstrução, Rui Rio disse que seria "fácil dizer que o Governo podia estar mais atento".
"Mas, dada a dimensão do que estamos a falar à escala local, do ponto de vista humano, ultrapassa tudo. Temos de apurar as responsabilidades. Conseguir atacar muito o Governo não é isso que me preocupa. Preocupam-me as pessoas. Não é justo, não é correto, tem de ser emendado", vincou.
Já sobre a possibilidade da recondução do Chefe de Estado-Maior do Exército, Rui Rio adota a mesma postura que assumiu com a eventual recondução da Procuradora-Geral da República.
"Esses cargos não devem ser partidarizados", salientou, considerando que os políticos não devem ter sentido de Estado apenas quando estão em lugares públicos.
O líder da oposição, frisou, "tem de ter sentido de Estado porque quer ser primeiro-ministro. Se quer ser primeiro-ministro, tem de mostrar sentido de responsabilidade e não andar aqui numa cacofonia completa".
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