“O PSD deve ter um objetivo: independentemente do resultado das eleições, ganhando ou perdendo – o objetivo deve ser ganhar, com certeza - , mas deve ter como objetivo tentar afastar BE e PCP da esfera do poder, para que que possamos fazer reformas estruturais e o país tenha as reformas de que necessita para o seu futuro”, defendeu Rui Rio, em entrevista hoje de manhã à Antena 1.
O presidente do PSD justificou que estes partidos “têm puxado pela parte mais negativa do PS” na atual legislatura de distribuição total dos ganhos no imediato.
“Antigamente distribuíam o que tinham e o que não tinham, melhoraram num aspeto: agora só distribuem o que têm, mas distribuem tudo”, criticou.
Rio afastou, contudo, uma solução de Bloco Central após as próximas legislativas no sentido clássico de “haver um primeiro-ministro do PS e ministros dos dois partidos”.
Questionado se uma derrota eleitoral nas legislativas significa obrigatoriamente a sua saída da liderança do PSD, Rio respondeu negativamente, embora dizendo não perder muito tempo com esse cenário.
“Pode haver razões para sair, pode haver razões para ficar, pode haver razões que não se identifiquem logo no momento e obriguem a uma reflexão, a ouvir as pessoas”, admitiu.
Instado a definir o que será uma vitória para o PSD nas europeias de 26 de maio, Rio respondeu que “um bom resultado será subir substancialmente, muito bom é ganhar”.
“Se perder um eurodeputado é um mau resultado”, afirmou.
Em 2014, em coligação com o CDS-PP, o PSD ficou em segundo lugar nas europeias com 27,7% dos votos e conseguiu eleger seis eurodeputados (mais um para os democratas-cristãos).
Rio considerou que a probabilidade de o PSD eleger nas europeias mais um eurodeputado “é muito elevada” e a de passar para 8 eurodeputados “bem possível”, voltando a considerar Pedro Marques como “uma má escolha do PS”, embora sem comentar a possibilidade de o antigo ministro vir a ser escolhido como futuro comissário europeu de Portugal.
Sobre temas de atualidade, Rio admitiu que há o risco de a posição do PSD – que vai apresentar uma apreciação parlamentar ao decreto-lei do Governo - poder alimentar falsas expectativas aos professores, e reiterou que todo o tempo de serviço destes profissionais deve ser contado, mas “ao longo do eixo do tempo” e com parte dos anos a poder ser convertido em antecipação da reforma.
“Faltam contabilizar sete anos, esses sete anos têm de ser um misto de dinheiro no eixo do tempo e antecipação do tempo de reforma”, defendeu.
O presidente do PSD considerou que essa antecipação “pode nem sequer custar mais dinheiro” ao Orçamento do Estado, porque, com a diminuição do número de crianças, “nem todos os professores que se reformam têm necessariamente de ser substituídos”.
“O professor deixa de receber do Ministério da Educação e passa a receber da Segurança Social e pode não ser substituído”, apontou.
Rio reiterou que seria “incapaz” de tomar a medida de redução dos preços dos passes sociais da forma como foi feita pelo Governo, quer pelo ‘timing’ em cima das eleições, quer por não ser dirigida aos “dez milhões de portugueses”.
“A medida tem sentido, nós apostarmos no transporte público e desincentivarmos o transporte privado. Agora, nós somos dez milhões, mas a medida é especialmente dirigida à Área Metropolitana de Lisboa”, criticou.
O líder do PSD apontou que cada habitante da Área Metropolitana de Lisboa tem um benefício, com esta medida, de 26,7 euros por cabeça, valor que desce para 8,4 euros se for um da Área Metropolitana do Porto e para 1,4 euros no caso da Comunidade Intermunicipal de Trás os Montes.
“Isto não é justo para Portugal (…) A minha medida de apoio aos transportes públicos tinha de ser uma medida equitativa, justa para Portugal todo”, afirmou.
Na entrevista à Antena 1, Rui Rio deixou ainda a garantia de que não irá cozinhar no programa de entretenimento da SIC de Cristina Ferreira, como fez recentemente o primeiro-ministro António Costa.
“Não me vai ver a cozinhar, porque eu estou na política e não me estou a propor para cozinheiro, mas para primeiro-ministro”, disse, reconhecendo que é “muito mais difícil” ser líder da oposição do que foi ser presidente da Câmara Municipal do Porto.
[Notícia atualizada às 11:39]
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