"Se há de facto coisa que caracteriza esta posição da Iniciativa Liberal é a clareza, clareza relativamente a com quem nos entendemos e com quem não nos entendemos. Infelizmente, essa clareza não parece estar presente em todos os partidos políticos até à data", declarou Rui Rocha, numa alusão ao PSD.
Rui Rocha, que fez hoje a sua primeira declaração política em plenário como presidente da Iniciativa Liberal, foi saudado pelo deputado único do Livre, Rui Tavares, pela "clareza assinalável" com que afirmou "que não terá acordos com o partido que se senta à vossa extrema-direita".
Também o líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias, se congratulou pela "clareza do posicionamento" de Rui Rocha "face à extrema-direita antissistema democrático", acrescentando: "Essa clareza que trouxe à Iniciativa Liberal é uma clareza que é bem-vinda".
Em nome do PSD, o deputado Paulo Rios de Oliveira perguntou a Rui Rocha: "Estará realmente interessado, quando chegar o momento, e cada vez mais se percebe que vai chegar o momento de nós pedirmos a alguém, se não for a mais ninguém, ao próprio povo, que nos ajude a libertar de um Governo que não governa?".
Paulo Rios de Oliveira interrogou "até que ponto é que, apesar de tudo, a Iniciativa Liberal percebe e acompanha aquilo que é a visão que, como sabe, é uma visão social-democrata".
"Desejo-lhe as maiores felicidades políticas, especialmente no que se juntar a nós para combater o nosso Governo socialista", disse a Rui Rocha.
Rui Rocha e Paulo Rios de Oliveira trocaram argumentos sobre a moção de censura apresentada pela Iniciativa Liberal em janeiro, que o PSD não acompanhou, optando pela abstenção.
"As manifestações também são importantes, aquilo que eu registo é que o PSD optou por não se manifestar e, portanto, as omissões também são relevantes em política e aquilo que eu registo é uma omissão", considerou o presidente da Iniciativa Liberal, em resposta ao social-democrata.
Na sua declaração política em plenário, Rui Rocha fez um balanço negativo dos sete anos de governação do PS com o atual primeiro-ministro: "Envelhecimento, emigração, despovoamento, pobreza, degradação dos serviços públicos, burocracia: esse é o legado de António Costa no que diz respeito às condições de vida dos portugueses".
Foi precisamente sobre a redução de pobreza a declaração política que tinha sido feita antes pelo PS, que através do deputado Tiago Barbosa Ribeiro.
Tiago Barbosa Ribeiro criticou a anterior governação PSD/CDS-PP, defendendo que o PS tem corrigido "uma pesada herança de desigualdades estruturais que se agravaram enormemente durante os anos em que a direita aplicou uma fórmula de desvalorização de rendimentos e de cortes nos apoios sociais".
Nos pedidos de esclarecimento, o PSD, pela deputada Ofélia Ramos, acusou o PS de ter feito "um mero exercício de propaganda política" numa altura em que Portugal vive uma "emergência social" e o Chega, pela voz de Pedro Pinto, acusou o socialismo de ser "uma máquina de fazer pobres em Portugal".
Inês de Sousa Real, do PAN, disse que não se pode olhar para a pobreza "como se fosse uma folha de Excel" e criticou também a "propaganda" do PS quando os portugueses estão a viver dificuldades, enquanto Bernardo Blanco, da Iniciativa Liberal, questionou o porquê de o PS insistir numa "política de baixos salários e altos impostos".
Já o deputado do BE José Soeiro avisou que os números da pobreza "andam sempre atrasados em relação à realidade", considerando que a "política de compressão salarial" do Governo "é uma política de empobrecimento" e que está "a produzir desespero".
Numa outra declaração política em plenário, o deputado do Chega, Pedro Pessanha acusou o Governo de desinvestir nas Forças Armadas, dando como exemplo o estado dos tanques de guerra Leopard 2: "É assim a política da defesa nacional deste Governo e da esquerda no seu todo: reduzir, reduzir, reduzir, tanto o material como o efetivo, para talvez um dia justificar a extinção das Forças Armadas".
Jorge Paulo Oliveira, do PSD, subscreveu a ideia de que há um "desinvestimento nas Forças Armadas" por parte do Governo, assim como o líder parlamentar da Iniciativa Liberal, Rodrigo Saraiva, que defendeu que "faltam condições, em termos de recursos humanos" e também "de recursos materiais".
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