Esta conquista surge após a tomada de Avdiivka no último fim de semana, uma cidade no leste ucraniano que há meses tem sido alvo de uma feroz ofensiva russa, dando a Moscovo o seu primeiro grande avanço territorial após meses de estagnação.

O confronto por esta localidade, a sua primeira conquista importante desde Bakhmut, também no leste, em maio de 2023, foi um dos mais sangrentos desde o início da ofensiva russa lançada em fevereiro de 2022.

Nesta quinta-feira, o Ministério russo da Defesa anunciou a conquista da localidade de Pobeda, cerca de cinco quilómetros a oeste de Donestk.

"As unidades do Grupo de Forças do Sul libertaram a localidade de Pobeda", afirmou o ministério, afirmando que o Exército conseguiu melhorar as suas posições na mesma região, nas proximidades de Novomijailivka e Krasnogorivka. Kiev, entretanto, não confirmou até ao momento a perda de Pobeda, limitando-se a afirmar que está "a combater na região".

Na terça-feira, Moscovo reivindicou a tomada da cidade de Krynky, no sul, ocupada pelas forças ucranianas na margem oriental do rio Dnieper e onde tinham estabelecido uma "cabeça de ponte" em outubro do ano passado.

O Exército de Kiev afirmou, por sua vez, que "matou ou feriu gravemente" perto de 60 soldados russos num ataque contra um campo de treino na parte ocupada da região de Kherson, na segunda-feira. A ofensiva foi confirmada no Telegram por especialistas militares russos próximos às forças militares.

De acordo com a Ucrânia, a Rússia está a sofrer grandes perdas, mas ainda possui mais soldados e armamento, após direcionar toda a sua economia para o esforço bélico.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, declarou esta segunda-feira que o seu país está numa posição "extremamente difícil", uma vez que o Exército ucraniano enfrenta múltiplos ataques no leste e no sul.

A escassez de munições também é um problema, após uma diminuição na ajuda dos seus aliados ocidentais, sobretudo dos Estados Unidos, bloqueada pelos congressistas republicanos.

Em entrevista à Fox News, emissora televisiva de referência para os conservadores americanos, Zelensky pediu ao Congresso dos EUA que desbloqueie a ajuda, argumentando que o preço de ajudar Kiev agora é mais baixo do que o de tentar neutralizar um Putin eventualmente vitorioso na Ucrânia.

O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, seguiu a mesma bitola, escrevendo uma carta aos ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa da União Europeia para pedir munições "com urgência, e em quantidades enormes”. “Os atrasos na entrega de munições têm um custo em matéria de vidas humanas e de enfraquecimento da capacidade de defesa da Ucrânia”, ressalvou.

Estas entregas também encontram um obstáculo inesperado na Polónia, onde os agricultores têm bloqueado a fronteira em protesto contra o que consideram uma concorrência desleal dos produtos agrícolas ucranianos.

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmitro Kuleba, viajou a Varsóvia, onde o primeiro-ministro, Donald Tusk, comprometeu-se a designar as passagens fronteiriças como "infraestrutura crítica" e "garantir 100% do envio de ajuda militar e humanitária".

Segundo a ONU, mais de 14 milhões de ucranianos, quase um terço da população do país antes da guerra, foi forçada a deixar as suas casas desde o início dos confrontos em 24 de fevereiro de 2022.

O Reino Unido, um dos principais aliados de Kiev, anunciou sanções contra mais de 50 personalidades e empresas russas, além de ter realizado o envio de novos mísseis à Ucrânia.

Este novo pacote de sanções visa fabricantes de munições, mísseis e explosivos, empresas de eletrónica e comerciantes de diamantes e petróleo. O objetivo é "reduzir" o arsenal de armas do presidente russo, Vladimir Putin, informou a diplomacia britânica.