“Estamos a enviar sinais aos israelitas (…), enviamos sinais sobre a necessidade de continuar a procurar uma resolução pacífica e não levar até ao final a estratégia de terra queimada na Faixa de Gaza”, disse Serguéi Lavrov durante uma entrevista à agência bielorrussa BELTA.

O ministro alertou que “se Gaza for destruída, se dois milhões de residentes forem expulsos, como planeiam alguns políticos em Israel e no estrangeiro, isso criará uma catástrofe que se prolongará durante muitas décadas, senão séculos”.

“Então, é claro, temos de parar. E devemos anunciar um programa humanitário para salvar a população que se encontra sob bloqueio. Não há água, nem eletricidade, nem alimentos, nem aquecimento. Não há nada disso”, salientou.

Serguéi Lavrov sublinhou que, “embora condene o terrorismo”, a Rússia “está categoricamente em desacordo que, contra o terrorismo, se possa responder violando as normas dos direitos internacionais”.

“Incluindo o uso indiscriminado da força contra as infraestruturas onde se sabe que se encontra população civil, o que incluí reféns”, acrescentou.

O ministro alertou que a falta de resolução do conflito no Médio Oriente é o fator principal utilizado para “alimentar o extremismo e o terrorismo na região”.

E recordou que a Rússia se opôs à realização de eleições em Gaza, em 2006, com o argumento de que, devido à presença de radicais, o resultado poderia ser contraproducente para as negociações de paz com Israel.

Entretanto, recordou, os Estados unidos da América (EUA) insistiram que “deve haver democracia”, mas perante a vitória do grupo islâmico Hamas recusou-se a reconhecer o resultado das eleições.

“Esta é a insensatez da sua política”, afirmou.

A Rússia manteve, na quinta-feira, na capital, consultas com representantes da ala política do Hamas em Moscovo, o que foi condenado por Israel e pelas chancelas ocidentais.

Durante as conversações, Moscovo apoio a criação de um Estado palestino independente, mas também exigiu ao Hamas a libertação imediata de todos os reféns em seu poder.

Serguéi Lavrov não falou hoje sobre este assunto, embora tenha descrito a operação perpetrada no passado dia 07 de outubro pelo Hamas contra o território israelita, onde morreram 1.400 pessoas e mais de 200 foram sequestradas, como “um ataque terrorista absolutamente inaceitável”

Em resposta ao ataque do Hamas, Israel bombardeou Gaza, desde há uma semana, o que causou mais de 7.300 mortos e quase 19.000 feridos, segundo as autoridades de saúde de Gaza.