Lavrov acusou os aliados ocidentais da Ucrânia de estarem envolvidos numa enorme campanha diplomática para persuadir o maior número possível de países do chamado “Sul global” a participar numa reunião na Suíça para discutir um potencial plano de paz promovido pelo Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
Falando aos jornalistas após uma reunião com cerca de 70 embaixadores estrangeiros em Moscovo, o chefe da diplomacia russa argumentou que o Ocidente está a tentar aumentar a adesão à planeada ronda de negociações na Suíça, alegando que os seus participantes seriam livres para discutir apenas certos aspetos do plano de paz, como a forma de garantir a segurança alimentar global.
Lavrov descreveu estes argumentos como uma manobra ocidental para atrair países mais hesitantes do “Sul Global” e atrair até 140 participantes, a fim de apresentar a conferência como uma demonstração de apoio esmagador em todo o mundo à Ucrânia.
No entanto, avisou que quaisquer negociações de paz seriam uma “perda de tempo inútil” se não levassem em conta os interesses de Moscovo.
O Presidente russo, Vladimir Putin, disse repetidamente que enviou tropas para a Ucrânia em fevereiro de 2022 para proteger os interesses do país e evitar que a Ucrânia representasse uma grande ameaça à segurança da Rússia ao aderir à NATO.
Desde então, os países do Ocidente enviaram grandes quantidades de dinheiro e de armamento para a Ucrânia se defender da agressão russa, que já dura há mais de dois anos.
Lavrov reafirmou hoje a rejeição da fórmula de paz de Zelensky, que exige que a Rússia retire as suas tropas do país, pague uma compensação à Ucrânia e enfrente um tribunal internacional pela sua ação.
O chefe da diplomacia russa voltou a destacar o decreto de Zelensky que exclui negociações com a atual liderança russa e indicou que cabe aos aliados ocidentais de Kiev dar o próximo passo.
“Se alguns deles forem inteligentes o suficiente para abandonar o impasse da fórmula de Zelensky, deixe-os dizer isso”, disse Lavrov.
O ministro russo afirmou que qualquer futuro acordo de paz deve respeitar os interesses de segurança da Rússia e reconhecer as “novas realidades”, em referência aos ganhos territoriais de Moscovo no leste e no sul da Ucrânia e também na península da Crimeia, anexada desde 2014 por Moscovo.
“Estamos a defender a nossa verdade, os interesses do nosso povo nos territórios que foram fundados pelos seus antepassados que viveram lá durante séculos”, afirmou, desafiando os países ocidentais: “Se eles estiverem dispostos a conversar com base na justiça, no equilíbrio das realidades e no equilíbrio dos interesses de segurança, estamos prontos para isso a qualquer momento”.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, lançada a 24 de fevereiro de 2022, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
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