Negociadores russos e ucranianos disseram que na reunião de hoje foi acordado um cessar-fogo temporário nos locais onde estão estabelecidos corredores humanitários para a saída de civis na Ucrânia.

"As partes chegaram a um entendimento sobre a criação conjunta de corredores humanitários com um cessar-fogo temporário", disse Podoliak, através do serviço de mensagens Telegram.

"Ou seja, não há cessar-fogo em todos os lugares, mas apenas naqueles onde os corredores humanitários estarão localizados. Será possível um cessar-fogo durante a operação", explicou o negociador ucraniano, acrescentando que a sua delegação "não obteve os resultados esperados” e que “continuará o diálogo numa terceira ronda de negociações".

Por sua vez, o negociador-chefe russo, Vladimir Medinski, sublinhou que as delegações chegaram a um entendimento mútuo sobre várias matérias.

"As posições são absolutamente claras. Estão divididas por pontos. Em parte delas conseguimos um entendimento mútuo", reconheceu Medinksi.

Esta segunda ronda de negociações entre a Rússia e a Ucrânia sobre a invasão russa decorreu em Belovezhskaya Pushcha, na região bielorrussa de Brest, perto da fronteira polaca.

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, já tinha pedido hoje um reforço do apoio dos países ocidentais, insistindo que a Rússia, se derrotar o seu país, atacará depois o resto da Europa de leste para chegar "ao Muro de Berlim".

"Se desaparecermos, que Deus nos proteja, então será a Letónia, a Lituânia, a Estónia, etc... Até ao Muro de Berlim, acreditem em mim", afirmou Zelensky, acrescentando que o Kremlin pode ter como objetivo reconstruir toda a esfera de influência europeia da URSS.

Pedindo aos ocidentais que imponham uma zona de exclusão aérea no seu país desafiou-os, exclamando: "se não têm força para fechar o céu, então deem-nos aviões!".

O Presidente ucraniano disse ainda estar pronto para falar diretamente com o Presidente russo, Vladimir Putin, questionando: "O que quer de nós? Deixe a nossa terra!”.

"Tenho de falar com Putin (...) porque é a única maneira de parar esta guerra", disse. "Temos de falar incondicionalmente, sem rancor, como os homens."

"Sente-se comigo (...) mas não a mais de 30 metros de distância como fez com (Emmanuel) Macron ou (Olaf) Scholz. Sou um tipo normal, não mordo!", afirmou Zelensky, ridicularizando a longa mesa em que o Presidente russo recebe os seus convidados, incluindo o Presidente francês e o chanceler alemão, devido ao protocolo de saúde drástico para o proteger da covid-19.

Já o Presidente russo, Vladimir Putin, garantiu hoje que a operação militar na Ucrânia está a decorrer "de acordo com o planeado", insistindo que a Rússia está a combater "neo-nazis" e que russos e ucranianos são "um só povo".

"A operação militar especial está a avançar estritamente de acordo com o cronograma, de acordo com o planeado", disse Putin numa declaração à televisão estatal russa, no oitavo dia da invasão da Ucrânia e após uma reunião do seu Conselho de Segurança.

Putin elogiou a "coragem" dos soldados russos que descreveu como "verdadeiros heróis" e assegurou que "estão a lutar firmemente com um pleno entendimento da justeza da sua causa".

"Não vou desistir da crença de que russos e ucranianos são um só povo", assegurou o Presidente russo, que aproveitou para anunciar uma compensação financeira para os soldados russos mortos ou feridos na Ucrânia, destacados no teatro de operações.