O anúncio da expulsão de italianos e espanhóis foi feito pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros russo poucos minutos depois de ter divulgado que iria também expulsar 34 diplomatas franceses e um dia depois de ter decidido expulsar dois diplomatas finlandeses.

O número de diplomatas espanhóis e italianos considerado agora ‘personas non gratas’ é idêntico ao dos diplomatas russos que os governos dos dois países europeus decidiram expulsar dos seus países em abril.

Segundo o embaixador de Espanha em Moscovo, Marcos Gómez Martínez, que foi convocado pelo ministério russo hoje de manhã, os diplomatas — que pertencem à embaixada em Moscovo e ao consulado geral em São Petersburgo – terão de abandonar a Rússia num prazo de sete dias.

A Rússia apresentou “um forte protesto [ao embaixador espanhol] pelo anúncio provocativo feito por Madrid de declarar 27 funcionários das representações russas em Espanha como ‘personas non grata'”, alegou o ministério de Serguei Lavrov, em comunicado.

Segundo acrescentou, “este passo hostil tinha de se refletir negativamente nas relações russo-espanholas”.

No passado dia 5 de abril, o Governo espanhol decidiu em expulsar 27 diplomatas e funcionários da embaixada da Rússia na Espanha como sinal de rejeição pelas “terríveis ações” das tropas russas, “a escalada de crimes de guerra” e para “proteger os interesses de segurança” de Espanha.

O executivo espanhol não mencionou diretamente o massacre cometido por soldados russos na cidade ucraniana de Bucha, na região de Kiev.

Desde então, Madrid espera uma resposta diplomática da Rússia, como anunciou que aconteceria a porta-voz dos Negócios Estrangeiros, María Zajárova.

O ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol, José Manuel Albares, disse hoje em Madrid – antes de ouvir o anúncio russo – que esperava uma decisão “simétrica ou quase simétrica” e “recíproca” de Moscovo à adotada por Espanha.

O embaixador russo, Yuri Korchagin, não foi incluído na lista de diplomatas russos expulsos da Espanha, porque a Espanha aspirava manter abertas as linhas de diálogo e negociação com a Rússia.

Por seu lado, o primeiro-ministro italiano, Mário Draghi, reagiu à decisão anunciada por Moscovo, considerando-a um “ato hostil”, mas apelando para que não sejam cortados todos os canais diplomáticos com a Rússia.

“É um ato hostil, mas devemos evitar em absoluto a rutura das relações diplomáticas, porque se conseguirmos a paz, conseguiremos através desses canais diplomáticos”, afirmou Draghi numa conferência de imprensa realizada em Roma.

A Rússia também anunciou hoje a expulsão de 34 diplomatas franceses em resposta a uma medida idêntica adotada em abril por Paris, contra 41 diplomatas russos colocados em França, ordem que as autoridades francesas já condenaram “veementemente”.

O embaixador francês em Moscovo, Pierre Lévy, foi convocado à sede do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, onde foi informado que diplomatas declarados ‘persona non grata’ devem deixar o país no prazo de duas semanas, informou esta instituição na sua página de internet.

“Esta decisão é apresentada pelo lado russo como uma resposta às decisões da França” em abril passado, quando “várias dezenas de agentes russos” suspeitos de serem espiões foram expulsos, disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros francês, em comunicado.

No entanto, o ministério sublinhou: “O trabalho dos diplomatas e funcionários da nossa embaixada na Rússia enquadra-se plenamente no âmbito da Convenção de Viena sobre relações diplomáticas e consulares”, deixando implícito que o mesmo não acontece com os russos.

Na terça-feira, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia anunciou a decisão de expulsar dois diplomatas finlandeses em retaliação por medida semelhante de Helsínquia.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de três mil civis, segundo a ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.

A guerra na Ucrânia, que hoje entrou no 84.º dia, causou já a fuga de mais de 14 milhões de pessoas das suas casas — cerca de oito milhões de deslocados internos e mais de 6,1 milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Também as Nações Unidas disseram que cerca de 15 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.

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