“Numa frase, qual deve ser a proposta política da família social-democrata às próximas eleições europeias de maio de 2019? Temos de propor um novo contrato social”, referiu o chefe do Governo de Madrid e líder do PSOE, que interveio no segundo e último dia do XI Congresso do Partido Socialista Europeu (PSE) que decorreu sob o lema “A Europa progressiva que queremos. Justa, livre sustentável”.
“Este contrato social deve ter cinco eixos: a educação, o mercado de trabalho, como financiar e manter o nosso Estado de bem-estar [social], o quarto eixo que é fundamental e transversal, o meio ambiente e as alterações climáticas, e o quinto com a defesa inequívoca dos valores democráticos em todos os Estados-membros na União Europeia [UE]”, referiu Sánchez, muito aplaudido pelos participantes num anfiteatro do ISCTE quase repleto.
O fim das diferenças salariais entre homens e mulheres no mercado de trabalho, uma reflexão sobre a reforma fiscal, “sobre quem paga os seus impostos”, a “defesa inequívoca” do combate às alterações climáticas foram pontos sublinhados pelo primeiro-ministro espanhol, que voltou a ser muito aplaudido ao afirmar que em Espanha isso está “muito claro, não se pode ser europeu e apoiar forças antieuropeias”.
Sánchez assinalou, contudo, que o sucesso deste novo contrato social é impossível sem o contributo da Europa, que nunca deve esquecer o “imprescindível” pilar social.
“Se a Europa não reafirmar o seu compromisso no combate às alterações climáticas e à aplicação dos acordos de Paris, se a Europa não batalhar contra as forças autoritárias que se opõem ao nosso projeto comum e questionam a ordem global multilateral que defendemos, será muito difícil garantir este contrato social”, alertou.
“E se não tivermos esse apoio da família social-democrata na UE, será muito mais difícil. Por isso, Franz, é tão importante que sejas o próximo presidente da Comissão Europeia”, frisou, dirigindo-se ao holandês Frans Timmermans, primeiro vice-presidente da Comissão Europeia e ex-chefe da diplomacia holandesa e designado neste conclave, por aclamação, candidato dos socialistas e sociais-democratas europeus à presidência da Comissão Europeia.
No início da sua intervenção, que decorreu na fase final do Congresso, Sánchez começou por citar Fernando Pessoa para de seguida elogiar António Costa, presente na primeira fila ao lado de Timmermans.
António Costa “demonstrou que mais importante que chegar ao poder é o que fazer quando se está no governo”, disse Sánchez, antes de definir o homólogo português como “um exemplo para toda a família socialista”. E prognosticou: “No próximo ano também terás o apoio dos portugueses porque vai ser de novo primeiro-ministro de Portugal”.
Estava assim apontado o caminho que impôs ao seu discurso: combinar crescimento económico com justiça social, coesão social com o cumprimento do Pacto de estabilidade e crescimento.
“Em Espanha vamos apresentar orçamentos socialmente sustentáveis, subir o salário mínimo, apostar na sustentabilidade ambiental, e reduzir o défice e dívida pública”, prometeu, e sem esquecer o “desafio fundamental” das próximas eleições europeias.
“Nas eleições europeias de maio de 2019 temos de defender a Europa da igualdade liberdade e fraternidade, uma abordagem realista mas otimista”, frisou Pedro Sánchez, que também reconheceu falhas na governação social-democrata, e de propor “um novo impulso” à construção europeia.
“Critico o autoritarismo, não lhe chamo populismo, chamo autoritarismo, mas é preciso admitir que nem tudo está bem, o que foi feito não é suficiente. E vemos os sintomas, o ‘Brexit’, o autoritarismo, e teremos de fazer muito mais para resolver os problemas. Temos de dizer à União Europeia e aos seus cidadãos que a social-democracia está pronta para avançar e resolver os problemas”.
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