“Penso que em algum momento da legislatura teremos de abordar o reconhecimento do Estado palestiniano por parte das Cortes Gerais e do Governo de Espanha”, disse Sánchez na primeira intervenção no plenário do parlamento espanhol, em Madrid, desde que foi reeleito primeiro-ministro, no mês passado.
O também líder do partido socialista espanhol voltou a pedir à União Europeia (UE) para falar “com claridade e unidade” sobre a situação em Israel e na Palestina, exigindo o cumprimento do direito internacional, sobretudo, o direito internacional humanitário por parte de Telavive na operação militar no território palestiniano na Faixa de Gaza com que respondeu a um ataque do grupo terrorista Hamas em 07 de outubro.
Sánchez disse que a Europa deve também “contribuir ativamente para a procura de uma solução definitiva e integral” do conflito no Médio Oriente, “proporcionando uma perspetiva de paz séria, credível, que dê conteúdo à solução dos dois estados”, o que “implica reconhecer a existência do Estado palestiniano, que conviva em paz e segurança com o Estado de Israel”.
“Os europeus devem falar alto e claro, com uma só voz, porque seres humanos estão a sofrer, há meninos e meninas que estão a sofrer, a perder a vida. Não podemos ficar depois de defender o reconhecimento do estado palestiniano por Espanha nesta legislatura.
Sánchez já tinha admitido, em 24 de novembro, a possibilidade de Espanha reconhecer o Estado palestiniano unilateralmente, à margem da UE e de outros Estados-membros do bloco comunitário.
“É algo que vale a pena, que se reveste de importância suficiente e que a União Europeia tem de fazer de forma conjunta. Mas se não for assim, Espanha tomará as suas próprias decisões”, afirmou, numa conferência de imprensa ao lado do primeiro-ministro da Bélgica, Alexander de Croo, em Rafah, na fronteira entre o Egito e a Faixa de Gaza.
Espanha e Bélgica são os países que têm a atual e a próxima presidência semestral do Conselho da União Europeia (UE).
Na intervenção que fez hoje no parlamento espanhol, Sánchez sublinhou que Espanha e a UE condenam, como o fizeram desde o primeiro momento, os “repugnantes assassinatos do Hamas” em 07 de outubro, em Israel, e pedem a “libertação imediata e incondicional dos reféns” por parte do grupo islamita, que controla a Faixa de Gaza.
Espanha e a UE apoiam também a luta contra o terrorismo no Médio Oriente e reconhecem o direito de qualquer país a defender-se e a existir, “mas com a mesma convicção e com os mesmos valores”, devem exigir “que pare a morte de civis em Gaza” e entrada de ajuda humanitária urgente no território palestiniano.
Após o ataque do Hamas em 07 de outubro, com mais de 1.200 mortos e acima de 240 sequestrados, Israel declarou guerra ao movimento palestiniano e lançou uma ofensiva militar por terra, mar e ar no enclave.
A operação já provocou mais de 19.600 mortos, na maioria civis, e 52.500 feridos segundo o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, controlado pelo Hamas, e cerca de 1,9 milhões de deslocados, de acordo com a ONU.
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