“Como é possível que uma frente esquerda constituída por socialistas, comunistas e extrema esquerda governe com a tal hipocrisia política, em que cá dentro procura devolver alguns rendimentos a determinadas camadas da população e chegam a Bruxelas e cumprem, do modo mais ortodoxo que há, aquilo que são as exigências”, afirmou Pedro Santana Lopes, no primeiro almoço nacional da Aliança, que decorreu em Leiria.

Prosseguindo no seu discurso de quase uma hora, Santana Lopes acrescentou: “Lembram-se quando eles diziam que outros iam além da ‘troika’? Eles já nem se lembram da ‘troika’. Eles querem ser uma ‘troika’ dois, uma ‘troika’ super, a cortar, a cortar.”

Para o fundador da Aliança, uma das bandeiras do partido é o crescimento económico.

“Não temos que ser bons alunos, temos de ser bons professores e dizer a Bruxelas que queremos um programa de apoio ao crescimento económico”, afirmou.

Pedro Santana Lopes entende que “todos os rendimentos disponíveis devem servir para baixar os impostos sobre o trabalho e sobre as empresas”.

“Parte da culpa do estado em que está o país agora é porque a frente de esquerda e o governo de António Costa não querem saber das empresas, não criam um clima propício ao investimento, porque é aquele que gera riqueza e cria emprego”, salientou.

Insistindo, Santana Lopes considerou que para os impostos baixarem, o caminho é o crescimento económico.

“Como? Com esse clima propício ao investimento, negociando com Bruxelas esse apoio. Em vez de fundos muito setoriais, temos que criar a mentalidade de que temos de crescer mais do que os outros. O que faz a frente de esquerda? Para uns, por exemplo na saúde, passa para 35 horas e agora anda aflito a ver se arranja dinheiro para cobrir os gastos com pessoal e para pagar as dívidas a fornecedores”, exemplificou.

Acusando o Governo de aplicar “os quatro C – cativa, corta, come e cala” — Pedro Santana Lopes destacou ainda a importância da coesão territorial, a “essência das essências”.

O líder da Aliança defendeu que se possa aproveitar a exploração dos recursos que existem no território nacional, sublinhando que “quase todos os países do mundo vão à procura de saber se têm gás nos seus territórios, sempre com respeito pelo equilíbrio ambiental”.

Em Portugal, disse, tal não é feito, “porque há um grupo de 20 cidadãos que diz ‘proibido'”.

“Qual a consequência? Os cidadãos portugueses viverem pior, quando importamos petróleo e seus derivados em mais de três mil milhões de euros por ano, e produtos energéticos em mais de oito mil milhões de euros”, acrescentou.

À margem do seu discurso, Santana Lopes considerou ainda que a sondagem que dá ao partido 4% das intenções de voto é um “ponto de partida”.

“Temos dois meses e meio de trabalho e temos uma taxa de notoriedade ainda baixa. Temos de trabalhar muito. Houve partidos, como na vizinha Espanha, que demoraram uma década a se afirmarem. Quero que nos afirmemos já nas próximas eleições, mas com toda a humildade”, afirmou.

Sobre o desafio de Luís Montenegro ao líder Rui Rio, o ex-social democrata recusou-se a tecer comentários: “Espero que a generalidade das forças políticas consiga encontrar as melhores soluções para servirem bem Portugal”.

No almoço, o cabeça de lista da Aliança às eleições europeias, Paulo Sande, alertou que o principal “inimigo” a combater é a abstenção, recordando os 67% de portugueses que não votaram no último sufrágio.

“Não é admissível. Para termos influência na Europa, não podemos ter uma percentagem de participação desta natureza. Os portugueses têm de ir às urnas. Para isso, precisam de perceber o que a Europa lhes dá e que somos um país importante da Europa”, disse.

As eleições europeias estão agendadas para 26 de maio.

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