“O que nós dissemos foi que os viajantes britânicos que vêm para Portugal, apresentando um teste negativo à chegada, podem entrar em Portugal. Não vejo que seja, de alguma maneira, escancarar Portugal aos ingleses sem o cuidado de verificar as suas condições de saúde no que diz respeito à covid-19”, disse Augusto Santos Silva na comissão parlamentar de Assuntos Europeus.

“É difícil compreender as posições de alguns governos dos Estados-membros que agora querem propor novos critérios. O que nós fizemos em relação aos britânicos é o que, a partir de 01 de julho, será mandatório no âmbito da UE”, disse ainda o ministro, que respondia a uma pergunta do PCP sobre regras de viagens para os cidadãos da UE.

Na terça-feira, a chanceler alemã, Angela Merkel, criticou a falta de regras comuns na União Europeia (UE) relativamente às viagens, dando como exemplo a situação de aumento dos contágios em Portugal, que a seu ver “poderia ter sido evitada”, aludindo nomeadamente à permissão dada por Portugal, que preside atualmente ao Conselho da UE, à entrada de turistas – como os britânicos.

A propósito destas declarações da chanceler alemã, a deputada do PSD Isabel Meireles considerou “justa” a “indignação” de Angela Merkel e criticou também ela o Governo pela permissão da entrada dos britânicos numa altura que coincidiu com a final da Liga dos Campeões, no Porto.

“Portugal não se coordenou [na resposta à pandemia] e, por isso, tivemos de ouvir a justa indignação da chanceler Merkel por termos deixado entrar os britânicos, que nos trataram com uma vexatória desconsideração e a quem infelizmente prestámos uma bacoca vassalagem futebolística”, apontou Isabel Meireles.

Perante as declarações da deputada Isabel Meireles, Augusto Santos Silva pediu “responsabilidade” ao PSD, lembrando que esta deve estar presente não apenas nos períodos de governação, mas também durante os períodos de oposição.

“Certamente haverá entre os social-democratas gente muito experimentada em matéria de política externa (…), que espero que emende a mão e traga o PSD de novo ao caminho da responsabilidade”, vincou o ministro.

Já esta terça-feira, o líder do PSD, Rui Rio, tinha acusado o Governo de estar a fazer Portugal passar por “uma vergonha desnecessária”, considerando que, depois da “vexatória desconsideração” do Reino Unido, os portugueses têm agora que “ouvir a justa indignação da chanceler alemã”.

No seguimento da intervenção da deputada Isabel Meireles, o ministro Augusto Santos Silva considerou as críticas de Rui Rio "extraordinárias", tendo em conta que, menos de um mês antes da permissão dos voos com o Reino Unido, o PSD “atacou o governo por ainda não ter aberto as fronteiras aos turistas britânicos”.

"Um mês depois o mesmo partido trata isso como vassalagem futebolística e presenteia os nossos mais antigos aliados com expressões como aquelas que a senhora deputada usou", prosseguiu o ministro, referindo-se à intervenção da deputada Isabel Meireles.