“Há uma grande convergência entre Portugal e o Reino Unido em relação a aspetos estratégicos e políticos cruciais”, afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros português, após um encontro, em Lisboa, com o seu homólogo britânico, Boris Johnson, que hoje realizou a primeira visita oficial a Portugal.
“Somos ambos países pró-europeus, porque a Europa é uma realidade além da União Europeia. Portugal é um país muito pró-integração europeia, e isto é uma diferença. Ambos os países destacam a dimensão atlântica da Europa e a ligação determinante entre a Europa e América do Norte”, disse Augusto Santos Silva.
Além disso, Portugal tem “grandes ligações a África e à América Latina”, o que é “uma vantagem comparativa”, além de ser “um bom construtor de pontes, destacou.
Outra área em que os países estão de acordo é em matéria de defesa e segurança, lembraram os dois ministros.
Boris Johnson, nas declarações à imprensa, invocou o tratado de Windsor, de 1386, que estabeleceu a aliança entre Lisboa e Londres, “a mais longa amizade política e diplomática de sempre”.
“Algures no tratado de Windsor, se o lerem com atenção, há uma cláusula que diz que se surgir algum momento de muito difícil negociação na Europa, é dever de um país vir em auxílio do outro. Espero que os nossos amigos portugueses honrem o espírito deste tratado”, declarou.
Boris Johnson sublinhou que Portugal e o Reino Unido “partilham os mesmos valores”.
“Somos atlanticistas. Somos também grandes defensores de livre comércio”, disse, respondendo a uma pergunta sobre a estrutura de missão Portugal In, criada pelo Governo português, para atrair para Portugal investimentos que pretendam permanecer na União Europeia após a saída do Reino Unido.
O chefe da diplomacia britânica não se mostrou preocupado com a possibilidade de empresas britânicas se instalarem em Portugal: “É fantástico. Não temos sentimento de perda, é ‘win-win’. O que é bom para Portugal é bom para o Reino Unido”, afirmou.
Santos Silva destacou que o Governo, através desta estrutura, procura atrair para o país “investimento estrangeiro, incluindo britânico”, e comentou que, no primeiro semestre deste ano, o investimento do Reino Unido “subiu muito”. “Esperamos que continue”, declarou.
Antes, Boris Johnson tinha recordado o “investimento maciço” de empresas portuguesas no Reino Unido, em particular na área das energias limpas, o que incentivou a prosseguir.
Sobre as relações bilaterais, Santos Silva também se referiu à aliança entre os dois países para sublinhar que o ‘Brexit’ “não irá significar uma redução desta relação”, mas uma “responsabilidade” para Portugal e Reino Unido a melhorarem.
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