“Não há um decréscimo de sismicidade ou um atenuar da crise no sistema fissural de Manadas”, no concelho de Velas, disse Rui Marques aos jornalistas, no ‘briefing’ diário para atualização da crise sísmica naquela ilha do arquipélago dos Açores.

Rui Marques observou que “a sismicidade continua muito acima do normal” na ilha de São Jorge e que, “desde há três dias”, houve uma “menor libertação de energia e uma menor frequência de sismos diários”.

Desde o início da crise, a 19 de março, até às 10:00 de hoje, a rede do CIVISA registou “25.992 sismos”.

Entre as 00:00 e as 10:00 de hoje foram identificados 451, disse o responsável, perspetivando que durante este dia se ultrapassem os mil sismos.

Na sexta-feira, Rui Marques indicou que, nos últimos dias, foi de 800 a média diária.

As antenas do CIVISA colocadas na ilha para captar, em sítios pontuais, “imagens com maior resolução” do que a captadas por satélite “corroboram a deformação na parte central da ilha”, indicou o responsável.

Já as imagens de satélite, vão ser ainda hoje objeto de uma análise mais detalhada.

Quanto à “monitorização de gaze vulcânicos nos solos”, permitiu verificar que “não há alteração do fluxo e concentração de dióxido de carbono”.

Três sismos foram sentidos pela população nas últimas 24 horas na ilha de São Jorge, Açores, elevando para 224 o número total de abalos percecionados pelos habitantes desde o início da crise sísmica, indicou hoje o CIVISA num ponto de situação feito pelas 10:00.

As atualizações comunicadas pelo CIVISA indicam que, entre as 10:00 e as 22:00 de sexta-feira foram sentidos, na freguesia de Velas, dois sismos de magnitude 2 e 1,9, sentidos pela população com intensidade III na Escala de Mercali Modificada.

Entre as 22:00 de sexta-feira e as 10:00 de hoje, foi sentido um sismo de magnitude 1,7, na Ribeira Seca (Calheta), com epicentro a 3 quilómetros a Nor-Noroeste da Urzelina.

“Até ao momento foram identificados cerca de 224 sismos sentidos pela população”, indica o CIVISA.

Proteção Civil assegura que reforço de meios não corresponde a "escalada da ameaça"

O presidente da Proteção Civil dos Açores pediu hoje à população da ilha de São Jorge “tranquilidade vigilante”, assegurando que o reforço de meios no terreno não se deve a “uma escalada da ameaça” sismovulcânica.

“Não vamos baixar a guarda por estarem a sentir-se menos sismos. Peço à população que mantenha uma tranquilidade vigilante. Mas não há razão para uma preocupação adicional por estarem mais meios no terreno”, garantiu Eduardo Faria aos jornalistas, no ‘briefing’ diário para atualização de dados sobre a crise sísmica naquela ilha do arquipélago dos Açores.

O responsável regional da Proteção Civil assegurou que “não é pela escalada da ameaça que se estão a ver mais pessoas e meios no terreno”.

Eduardo Faria notou que os meios e operacionais que até agora chegaram à ilha açoriana foram os que “estavam planeados desde o início” da crise sísmica, que começou a 19 de março.

“Mais [meios] hão de vir, que já não fazem parte do plano inicial, mas que achamos adequado para ter mais valências, nomeadamente para permitir a rotação e refrescamento de equipas”, explicou.

O presidente da Proteção Civil Regional notou que, até hoje, “a chegada de recursos humanos e materiais” à ilha relaciona-se com o planeamento inicial para instalação de uma resposta rápida, pronta e de qualidade às populações”, caso haja um agravamento dos eventos registados e sentidos.

Eduardo Faria notou que, nas últimas 24 horas, “a atividade sísmica se manteve praticamente estável”.

Na sexta-feira, “devido às condições climatéricas”, não foi possível fazer o reconhecimento das fajãs e dos portos para uma eventual evacuação da população por via marítima em caso de um abalo de maiores proporções ou de uma erupção vulcânica.

Hoje, “uma equipa de fuzileiros, acompanhada por técnicos municipais”, está a fazer “o reconhecimento da zona dos Rosais, para verificar se há alguma zona de maior instabilidade e que cause maior preocupação”, observou.

O responsável indicou na sexta-feira que, “de forma preventiva”, foi determinada a interdição do Farol dos Rosais, “a partir da Vigia da Baleia”.

Tal deveu-se, segundo explicou na ocasião o presidente do CIVISA, ao registo, nos Rosais, de “sete sismos” com “profundidade ligeiramente inferior” aos que se têm verificado no sistema fissural vulcânico de Manadas, onde “continua concentrada a maior parte da atividade sísmica, a profundidades entre os 7,5 e os 12 quilómetros”.

O CIVISA continua sem conseguir explicar a relação entre estes eventos nos Rosais e os que começaram a 19 de março entre a vila das Velas e a Fajã do Ouvidor.

O sismo mais energético desde o início da crise ocorreu na terça-feira, às 21:56 locais (22:56 em Lisboa), e teve magnitude 3,8 na escala de Richter, segundo o CIVISA.