O encontro, organizado pelo consórcio Universidade de Coimbra (UC)/Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), que integra a Aliança-M8 [G-8 da saúde], é uma oportunidade para aprofundar laços com os países africanos de língua oficial portuguesa e para a afirmação da saúde portuguesa no contexto mundial, disseram à agência Lusa os responsáveis pela organização.
“É um momento de afirmação de Coimbra no mundo, porque é a primeira vez que estas cimeiras têm um enfoque tão grande em África. Portanto, a dimensão estratégica de Portugal nesta ligação entre a Europa e África é assumida em pleno por Coimbra”, disse à agência Lusa o reitor da UC, João Gabriel Silva.
Segundo o académico, a cimeira abre a possibilidade de Portugal “ter um papel relevante na discussão sobre a saúde global”, além de constituir, “para Coimbra, para a região e para a Universidade um passo importante no caminho da internacionalização que se tem vindo a seguir”.
Salientando o trabalho de “vários anos” para chegar a esta fase, o presidente do CHUC, Fernando Regateiro, frisou que a realização desta cimeira “abre caminhos que ajudam a projetar a instituição além-fronteiras e a sua imagem no próprio país”.
“Ao escolhermos as temáticas para este encontro, tivemos uma grande vantagem competitiva na nossa proposta, que foi o conhecimento profundo, o relacionamento intenso e a proximidade com os povos de África, particularmente os falantes de língua portuguesa”, sustentou.
“Vamos ser, de facto, mediadores desse relacionamento e levar também para África, com a nossa experiência, o apoio, o contributo, todo o saber e empenho de outros povos e de outros recursos para além dos nossos”, sublinhou Fernando Regateiro.
O também professor de medicina em Cabo Verde e especialista sobre saúde em África considera que a cimeira irá produzir ganhos por aquilo que se “vai externalizar para países africanos, fomentando o desenvolvimento de áreas onde as carências são muito grandes, por exemplo na mortalidade maternoinfantil e no âmbito da malária, entre outros aspetos”.
Por outro lado, destacou a importância da sensibilização que vai ser feita a nível mundial “junto das centenas de pessoas que estarão no encontro, pela reputação, pelas redes que se vão tocar e pelas quais se entrará junto de outros decisores e outras fontes de conhecimento, onde podem ser geradas naturalmente apoios, financiamentos, empenhos, vontades e decisões de irem até África”.
O médico José Martins Nunes, Alto Comissário para a Cimeira Mundial de Saúde, lembrou que Portugal e Coimbra têm uma grande projeção sobre África “e, portanto, são um interlocutor credível importante para as questões de saúde global” no território africano.
Portugal não vai ser o mesmo depois da cimeira, “pois terá a possibilidade de intervir nas questões de saúde global de uma maneira muito efetiva, primeiro com a credibilidade que já existia e depois com aquilo que o país é capaz de fazer”, frisou o ex-presidente do CHUC, que participou na candidatura de Coimbra à realização deste encontro regional da Cimeira Mundial de Saúde.
Martins Nunes salientou que Portugal tem “competências muito grandes” na área da saúde, além de um Serviço Nacional de Saúde (SNS) “respeitadíssimo a nível global, condições, profissionais, cientistas e investigadores”, que ajudam o país a contribuir para a resolução dos desafios que se colocam.
“Temos de pensar que temos muito trabalho daqui para a frente, mas é um trabalho que vai recompensar, porque é um trabalho de solidariedade, de reconhecimento das competências, da nossa capacidade de intervenção e, sobretudo, das nossas estruturas de saúde”, enfatizou.
Segundo o Alto Comissário para a Cimeira Mundial de Saúde, “a capacidade do SNS foi um dos exemplos que se deu para justificar a entrada na Aliança-M8″, juntamente com a “capacidade de investigação de uma universidade extremamente influente do ponto de vista científico e criadora de muito conhecimento e a projeção que Coimbra, a UC e o país tem em relação a África”.
Na quinta e sexta-feira, o Convento São Francisco vai acolher mais de 20 sessões de trabalho e quatro sessões plenárias relacionadas com a gestão de doenças infecciosas e a governação para a equidade na saúde nos países de baixa e média renda, as oportunidades e desafios na transição da inovação para os cuidados de saúde e a educação biomédica num mundo em mudança, em que participam 120 oradores de mais de 40 países.
A cimeira vai contar com a participação do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, do primeiro-ministro, António Costa, da Conselheira Principal para a Saúde e Gestão de Crise na Comissão Europeia, Isabel de La Mata, e do presidente da Cimeira Mundial de Saúde, Detlev Ganten.
Portugal está representado desde outubro de 2015 na Aliança M8, considerada o G-8 da saúde, pelo consórcio CHUC e Universidade de Coimbra, sendo uma das cinco academias da União Europeia com presença neste organismo.
A Aliança M8 tem como missão principal a melhoria da saúde a nível global. Promove a investigação translacional, bem como a inovação na abordagem da prestação de cuidados, almejando o desenvolvimento de sistemas de saúde eficazes na prevenção da doença.
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