"A Europa não é protecionista, não é fechada, tem valores e tem princípios", disse o Presidente francês aos jornalistas após a fotografia de família, durante a cimeira de países do sul da Europa, que decorre hoje em Lisboa.
Hollande acrescentou que a Europa "é uma força, uma garantia, uma proteção e um espaço de liberdade e de democracia".
Uma posição que, sublinhou, a Europa deve transmitir com clareza ao Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
"Os discursos que escutamos nos Estados Unidos encorajam o populismo extremista. A ideia de que já não há Europa, de que já não é necessário estarmos juntos, de que é necessário pôr em causa o acordo sobre o clima, o protecionismo", enunciou Hollande.
"Quando há declarações do Presidente dos EUA sobre a Europa e a falar do modelo do ‘Brexit’, penso que devemos responder-lhe. Quando o Presidente dos EUA evoca o clima para dizer que não está convencido da utilidade do acordo [de Paris, sobre alterações climáticas], devemos responder-lhe. Quando ameaça com medidas protecionistas, que podem destabilizar as economias, não somente as europeias, mas as economias dos principais países do mundo, devemos responder-lhe. Quando ele recusa acolher refugiados, depois de a Europa ter cumprido o seu dever, devemos responder-lhe", sublinhou.
O desafio que se coloca, agora, à União Europeia é afirmar os seus "valores, princípios e interesses", e isso é o que estará em causa em 25 de março, quando se assinalarão, em Roma, os 60 anos da assinatura dos tratados fundadores do bloco europeu.
"Perante as adversidades, perante os desafios é que vemos se uma união é sólida, se é capaz de determinar o seu futuro. A Europa está perante uma prova de verdade e de escolhas. Haverá outras ocasiões e é o momento de saber o que fazemos juntos e por que o fazemos", salientou.
O Presidente francês acrescentou, depois: "A lucidez deve convencer os europeus a irem mais longe juntos".
Definir o futuro da Europa é também "uma responsabilidade para com as gerações futuras", considerou.
Hollande recordou que ainda esta noite terá uma conversa com Donald Trump - que também deverá falar, ainda hoje, com a chanceler alemã, Angela Merkel.
"Devemos afirmar as nossas posições e promover um diálogo firme sobre o que pensamos, mas também com a preocupação de resolvermos os problemas do mundo. O que se passa na Síria, no Iraque, o combate ao terrorismo, as relações com a Rússia, tudo merece um diálogo, mas em primeiro lugar é preciso ideias claras", considerou.
Na cimeira de hoje, o primeiro-ministro português, António Costa, é o anfitrião dos Presidentes de França e de Chipre (Nikos Anastasiades) e dos primeiros-ministros Mariano Rajoy (Espanha), Alexis Tsipras (Grécia), Paolo Gentiloni (Itália) e Joseph Muscat (Malta).
A união económica e monetária, as migrações e a segurança e defesa serão temas em cima da mesa, num encontro onde os países vão procurar concertar posições para as próximas cimeiras europeias - no dia 03, em La Valleta, Malta, no Conselho Europeu da Primavera, a 09 e 10 de março e, finalmente, em Roma, a 24 e 25 de março, onde está previsto fazer uma declaração sobre o futuro da UE, confrontada pela primeira vez com a saída de um Estado-membro, o Reino Unido.
À margem da cimeira, António Costa reuniu-se com os seus homólogos de Malta - país que exerce, neste semestre, a presidência europeia - e de Itália, precisamente para debater as reuniões de La Valletta e Roma.
Também Rajoy e Tsipras mantiveram um encontro bilateral. Antes da fotografia de família, o Presidente francês e o primeiro-ministro grego ficaram um pouco para trás, a conversar, enquanto os restantes cinco dignitários os aguardavam para a fotografia de família.
Após este momento, os sete prosseguiram para um almoço de trabalho. O encerramento da cimeira está previsto para as 14:40.
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