As vindimas “começaram, exatamente, a 01 de agosto”, o que significa que “estamos com duas ou três semanas de avanço”, em comparação com um ano normal, disse hoje à agência Lusa Alexandre Relvas, responsável da CAAR.
Segundo o produtor vitivinícola alentejano, que tem vinhas em Redondo, Évora e também no concelho de Vidigueira (distrito de Beja), a antecipação da vindima foi decidida devido à “seca extrema”.
“Já se vive o terceiro ano consecutivo de seca e, por isso, tomámos a decisão de trazer as uvas para a adega o quanto antes, para ter o máximo de qualidade”, explicou.
Nas vinhas situadas em zonas que não são abrangidas pela rega proporcionada pela albufeira do Alqueva, referiu Alexandre Relvas, “as reservas de água já são escassas”, precisamente por se estar a viver o terceiro ano de seca.
“Temos charcas e barragens, que são abastecidas pela água da chuva, e também furos, que indiretamente também recebem a água da chuva, que se infiltra na terra e vai para os lençóis freáticos, mas têm níveis muito baixos. Com a seca, as reservas não foram repostas”, insistiu.
Assim sendo, explicou, este ano, “houve pouca água para regar” e as “perspetivas animadoras” que existiam “na altura da floração” não se concretizaram, porque “a seca não deixou que a planta realmente produzisse e amadurecesse todas as uvas”.
As uvas começaram “todas a ficar prontas mais cedo”, disse o produtor, realçando que a vindima arrancou pelas castas brancas e já inclui também as tintas.
“Cada vez que vamos à vinha é uma surpresa e estamos a colher também castas tintas, como a Trincadeira, com uvas até mais maduras do que o que pretendíamos, com 14,5 graus, e Aragonez, também com 14 graus”, indicou.
As vindimas deverão terminar “a meio ou final de setembro”, com a recolha das uvas Alicante Bouschet, que costuma ser “a última casta a vindimar, porque está bem adaptada ao calor e sofre menos”.
Os trabalhos ainda estão em curso, mas Alexandre Relvas disse já ser possível estimar uma quebra de produção para esta colheita.
“O ano de 2016 já foi muito mau, em termos de quantidade”, com perdas “na ordem dos 35%”, precisamente por a maior parte das vinhas da empresa não ser regada pelo Alqueva.
Agora, “como quase não tivemos água para regar, suspeito que teremos mais 10 ou 15% por cento de perda na produção”, disse, acrescentando que a geada que afetou a vinha em abril, na zona de Vidigueira, também contribuiu para a menor quantidade de uva.
Apesar disso, o produtor espera “muita qualidade” nas uvas colhidas nesta campanha, explicando que, “até agora, toda a fruta que entrou na adega tem boa ou muito boa qualidade”.
“É um ano em que não há doenças na vinha, as uvas estão muito sãs, também devido à falta de chuva, e acho que pode ser um bom ano em termos de qualidade, melhor do que o de 2016”, sublinhou.
Fundada em 1997, a Casa Agrícola Alexandre Relvas produziu, em 2016, mais de 4,9 milhões de garrafas de vinho e atingiu um volume de negócios a rondar os nove milhões de euros, registando ainda um aumento de 30% nas exportações.
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