Em resposta à pergunta "Em pleno século XXI, ainda existem cerca de 70 países que punem a homossexualidade como crime. Em Portugal, felizmente, isso não acontece, mas a homofobia persiste. Por que razão isto ainda acontece? Como se combate o preconceito?", o secretário de Estado respondeu:
"Não sei exatamente porque é que a homofobia existe. Acho que é um jugo do qual a sociedade se libertará, mas ainda há algum caminho para lá chegar. O que é que podemos fazer? As pessoas públicas viverem a sua homossexualidade com naturalidade. Sou o primeiro membro do governo casado com uma pessoa do mesmo sexo e não faço disso especial alarde público, mas também não sinto que seja apenas um aspeto da minha vida pessoal. E espero que isso possa significar, para os jovens portugueses, que não estão condenados a um ostracismo. Se houver um jovem que, pelo meu exemplo, se possa sentir mais livre para viver a sua orientação sexual abertamente, eu ficaria muito feliz".
A revista da Universidade de Lisboa — Revista ULisboa — ficou disponível online esta sexta-feira e no mesmo dia André Moz Caldas, secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, partilhou-a na sua conta pessoal da rede social Facebook.
Mestre em Direito e em Medicina Dentária por esta Universidade, André Moz Caldas foi, antes de integrar o Governo, presidente da OPART – Organismo de Produção Artística e presidente da Junta de Freguesia de Alvalade. No XXI Governo Constitucional (o de António Costa) foi chefe do gabinete do Ministro das Finanças, Mário Centeno.
Na mesma entrevista, o secretário de Estado admite que nunca se sentiu "vitimizado" pela sua orientação sexual, mas reconhece que "sendo de Lisboa e de um contexto social e familiar progressista, a minha experiência não se compara com a de outras pessoas homossexuais".
"Quem pertence a uma minoria tem de ter uma grande energia para se dar permanentemente ao respeito", disse ainda.
André Moz Caldas é o segundo membro de um governo português a revelar a sua orientação sexual em entrevista. Em 2017, Graça Fonseca, hoje ministra da Cultura, à data secretária de Estado da Modernização Administrativa, também o fez em entrevista ao Diário de Notícias.
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