“Penso que se trata de algo que, progressivamente, está a avançar […], porque as novas gerações que têm uma certa visão sobre o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal” e “eu estou aberto a isso”, afirma o comissário europeu do Emprego e Direitos Sociais, Nicolas Schmit, em entrevista à agência Lusa em Bruxelas.

Numa altura em que Portugal também avança com um projeto-piloto sobre esta matéria, o responsável europeu pela tutela aponta que “não existe uma posição comum” na UE sobre a semana de quatro dias: “Penso que é algo que vai acontecer com base em acordos entre parceiros sociais”, assinala.

Dando o exemplo da Alemanha, onde o maior sindicato pede avanços na implementação da semana de quatro dias e onde algumas empresas já apresentam esta solução para recrutar trabalhadores, nomeadamente no setor dos transportes, Nicolas Schmit adianta que “a questão da redução do tempo de trabalho pode ser uma forma de atrair” colaboradores.

“Como há dificuldades para certos setores atraírem pessoas, talvez também tenham de se tornar mais atrativos”, destaca, reforçando que se “trata de algo que entra na negociação entre os parceiros sociais”.

Nicolas Schmit adianta à Lusa que, atualmente na UE, “o maior problema não é tanto o desemprego”, mas sim a escassez de mão-de-obra, dado que “muitos setores estão desesperadamente à procura de funcionários e não encontram porque as pessoas não querem trabalhar lá ou porque não têm as competências adequadas”.

“No mercado de trabalho, ainda temos grandes desfasamentos em termos de competências”, situação que a UE tem de responder, conclui o comissário europeu, nesta entrevista.

Em Portugal, no âmbito da Agenda do Trabalho Digno, está previsto um projeto-piloto para testar a semana de quatro dias, de base voluntária e sem perda de rendimento. No balanço da primeira fase deste projeto-piloto, divulgado em março passado, foi anunciado que a segunda fase do programa para implementação da semana de quatro dias de trabalho mantém 46 empresas de um total de 99 interessadas.

Entre as principais razões para as empresas não avançarem para a fase de preparação encontram-se o panorama económico mundial, a necessidade de investimento financeiro, a complexidade da sua implementação, enquanto outros registaram que “não é a melhor solução para os problemas” e que os benefícios da medida “não serão grandes" no contexto de empresa.

A maioria das 46 que continuaram no projeto, que conta com o apoio do Governo, contam com até 10 trabalhadores, enquanto cinco empregam mais de mil pessoas. As principais áreas representadas na segunda fase do projeto são atividades de consultoria, científicas, técnicas e similares, com quase 40%, seguindo-se educação e atividades de informação e de comunicação, com cerca de 15%, cada.

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