Horas depois do seu discurso do Estado da União, que decorreu na noite de terça-feira (madrugada de hoje em Portugal), Donald Trump conhecerá o desfecho do processo de ‘impeachment’, levantado em dezembro passado pela oposição democrata.

A maioria republicana no Senado (53-47) deverá ser suficiente para garantir a absolvição do Presidente, depois de quase duas semanas de discussão à volta de dois artigos para destituição que foram aprovados pela maioria democrata na Câmara de Representantes.

Contudo, vários senadores não indicaram ainda o seu sentido de voto, deixando em aberto todos os cenários para o desfecho daquele que foi o terceiro julgamento de ‘impeachment’ na história dos Estados Unidos (para além dos de Andrew Johnson, em 1868, e Bill Clinton, em 1998).

Se Trump for considerado culpado de uma das duas acusações (abuso de poder e obstrução ao Congresso), o veredicto levará à sua demissão, o que seria inédito, já que os outros dois processos de destituição absolveram Johnson e Clinton.

O Presidente Dos EUA pode ainda ser absolvido mas com a aprovação de uma resolução de censura, como foi sugerido pelo senador democrata Joe Manchin, de West Virginia.

A moção de censurar o Presidente exprimiria a desaprovação formal da sua conduta, pelo Senado, mas não o removeria do lugar na Casa Branca, além de que, se avançar, apenas poderá ser votada depois das resoluções de absolvição ou de culpa.

Alguns senadores de ambas as bancadas continuam sem proferir a sua intenção de voto, como é o caso dos republicanos Mitt Romney, do Utah, e Susan Collins, do Maine, que ao longo do processo mostraram sinais de se poderem aproximar das posições de condenação apresentadas pelos democratas.

Mas também do lado democrata há senadores, como Doug Jones, do Alabama, Kirsten Sinema, do Arizona, e Joe Manchin que não se pronunciam sobre como irão votar, admitindo que possam aprovar a resolução de absolvição, tendo admitido que o comportamento de Trump não foi correto, mas pode não ser passível de destituição.

Para complicar as contas aos democratas, a senadora republicana Lisa Murkowski, do Alasca, que tinha dado sinais de poder querer votar ao lado dos democratas, depois de ter dito que o comportamento de Trump tinha sido “vergonhoso e errado”, anunciou segunda-feira que aprovará a absolvição do Presidente.

Nas alegações finais, esta semana, os democratas insistiram na versão de que Trump abusou do cargo, ao pressionar o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, a investigar a atividade da família de Joe Biden, rival democrata, junto de uma empresa da Ucrânia envolvida num caso de corrupção, e que tentou perturbar a investigação pela Câmara de Representantes.

A equipa de advogados do Presidente voltou ao argumento de que não houve pressão junto de nenhum líder estrangeiro (invocando mesmo declarações de Zelensky nesse sentido) e disse que o Presidente atuou sempre em função do interesse público, preocupado com o alastrar da corrupção na Ucrânia, negando igualmente qualquer ato de obstrução ao Congresso.

Ao longo do processo, Donald Trump tem repetido que tudo não passa de uma “caça às bruxas” destinada a prejudicar a sua campanha para reeleição nas presidenciais de novembro próximo.