“Há 742 mil alojamentos sem ligação à rede pública de água”, disse Diogo Faria de Oliveira, sublinhando que “a ligação às redes públicas de água e saneamento é obrigatória por lei”.

No caso do saneamento, existem 561 mil alojamentos sem ligação à rede pública, referiu o presidente do Grupo de Apoio à Gestão do “PENSAAR 2020 - Uma nova estratégia para o setor de abastecimento de água e saneamento de águas residuais", no âmbito da apresentação do primeiro relatório de avaliação anual do novo plano estratégico do setor das águas, que decorreu em Lisboa.

De acordo com o responsável, esta situação “é grave, pois pode causar problemas ambientais, de saúde pública e de equidade e sustentabilidade económica”.

Presente na apresentação do relatório de avaliação do plano estratégico PENSAAR 2020, o secretário de Estado do Ambiente defendeu que as entidades gestoras do setor devem utilizar as disposições legislativas em vigor, que “implicam a obrigatoriedade de ligação”, nomeadamente com a aplicação de coimas aos cidadãos que ainda não aderiram às redes públicas de abastecimento de água e de saneamento.

“Mas o melhor papel é um papel pedagógico”, reforçou Carlos Martins, argumentando que é importante as pessoas perceberem que estão a ligar a “um serviço de qualidade, a uma água que podem beber com tranquilidade”.

Neste sentido, o secretário de Estado sublinhou que 99% da água que chega a casa dos portugueses é boa, acrescentando que “essa é a principal mensagem” para que as pessoas se liguem às redes públicas.

“Embora a taxa de cobertura das redes tenha evoluído positivamente, com a acessibilidade física dos serviços a atingir os 95% na água e os 80% no saneamento, a adesão às redes continua a demonstrar preocupação”, reiterou o presidente do Grupo de Apoio à Gestão do PENSAAR 2020.

Diogo Faria de Oliveira indicou que, entre 2011 e 2014, as redes de água foram alargadas a mais 321 mil alojamentos (694 mil, no caso do saneamento), mas, desses, 87 mil ficaram por ligar (78 mil, no caso do saneamento).

“A água não faturada mantém-se com níveis elevados, com 184 entidades gestoras em baixa a apresentar uma percentagem de água não faturada acima de 30%”, apurou o relatório de avaliação.

Outra conclusão é a “alarmante” falta de reabilitação de condutas e coletores por parte das entidades gestoras, “provocando o envelhecimento das redes e, futuramente, colocando em causa a qualidade do serviço e a necessidade de elevadíssimos investimentos”.

Assim, os principais desafios apontados ao setor têm a ver com a eficiência dos serviços, nomeadamente “na redução de perdas de água, na otimização dos custos operacionais e no equilíbrio dos orçamentos, que resultará numa maior capacidade de investimento e modernização dos serviços e numa melhor qualidade do serviço prestado às populações”, defendeu o presidente do Grupo de Apoio à Gestão.