Num relatório enviado ao novo Presidente sul-coreano Yoon Suk Yeol na sexta-feira, o Ministério da Unificação disse que irá gradualmente abrir a porta à imprensa e televisão do Norte, para restaurar a identidade coreana e preparar uma futura unificação da península.

Dirigentes do ministério disseram que a Coreia do Sul começará a permitir o acesso às transmissões televisão norte-coreanas, para tentar encorajar o regime de Pyongyang a tomar medidas semelhantes.

O ministério recusou-se a fornecer mais detalhes, dizendo que os planos ainda estão a ser discutidos.

Divididos pela fronteira mais fortificada do mundo desde 1948, os dos países proíbem os seus cidadãos de visitar o território do rival, assim como de trocar telefonemas, e-mails ou cartas, e bloqueiam o acesso aos sites e estações de televisão um do outro.

Jeon Young-sun, professor da Universidade Konkuk, na capital sul-coreana, Seul, disse que é improvável que o Norte retribua porque o fluxo de conteúdo cultural sul-coreano representaria “uma ameaça realmente enorme” à liderança autoritária de Pyongyang.

Governada por três gerações da família Kim desde a sua fundação, em 1948, a Coreia do Norte restringe o acesso dos cidadãos a informações vindas do exterior.

Em 2014, tropas norte-coreanas abriram fogo quando ativistas do Sul lançaram balões com discos externos, contendo informações sobre o mundo exterior e panfletos críticos da família Kim em direção ao Norte.

Apesar da provável relutância de Pyongyang em retribuir, Jeon Young-sun disse que a Coreia do Sul precisa de aliviar a proibição porque as restrições levaram à dependência do estrangeiro na recolha informações sobre o Norte, o que aumenta o perigo de Seul ter uma imagem distorcida da Coreia do Norte.

Jeon disse ainda acreditar que a medida não irá promover sentimentos pró-Pyongyang no Sul.

As relações entre as duas Coreias permanecem tensas devido ao número recorde de ensaios com projéteis realizados este ano pelo Norte – mais de 20.

O novo Presidente sul-coreano Yoon Suk Yeol, um conservador, disse que adotaria uma postura mais dura em relação a Pyongyang, embora tenha dito que tem “um plano ambicioso” para melhorar a economia do Norte, caso o regime de Kim Jong-un abandone as armas nucleares.

Seul e Washington acreditam que Pyongyang se prepara há semanas para realizar o primeiro ensaio nuclear desde 2017 e que a execução deste depende unicamente de uma ordem de Kim Jong-un.