“Sim, sou uma agente: uma agente para a paz, para uma Europa sem fascismo, para os direitos das minorias e para uma Europa unida”, disse Zdanoka, perante o Parlamento Europeu, na sua primeira intervenção pública desde as revelações sobre a sua alegada colaboração com o FSB.

Segundo avança a agencia EFE, a eurodeputada acusada de espionagem para a Rússia durante pelo menos 13 anos não fez referência específica à informação que aponta para os seus contactos com agentes do FSB.

Num debate sobre a interferência russa na União Europeia (UE), agendado precisamente na sequência deste caso, entre outros, a eurodeputada letã quis “pedir desculpa por não ter sido uma agente de sucesso” e garantiu que os responsáveis pela política europeia para aquela região “vieram voluntariamente” aos fóruns UE-Rússia que ela organizou e “agradeceram-lhe por os ter criado”.

“Em 2004, a UE via a Rússia como um parceiro estratégico. Dez anos depois, houve uma mudança oficial em relação à Rússia: de parceria e cooperação para contactos críticos”, disse Zdanoka.

Ainda assim, a eurodeputada insistiu “que será impossível resolver o conflito em torno da Ucrânia se a UE trabalhar contra a Rússia”. “Agora, duas décadas depois, o mundo está a perder a oportunidade de paz”, acrescentou.

Em resposta às afirmações de Zdanoka, a eurodeputada lituana Rasa Jukneviciene, que interveio logo a seguir, disse que a letã é “uma agente da paz tal como Putin”.

Horas antes, ao chegar ao hemiciclo para a sessão de votação, a eurodeputada respondeu com silêncio às perguntas dos jornalistas sobre os seus contactos com o FSB, incluindo uma feita em russo.

O Parlamento Europeu está a investigar contactos entre Zdanoka e o FSB desde que as alegações se tornaram públicas e poderá anunciar, nas próximas semanas, sanções contra a eurodeputada letã por violações do código de conduta, disseram à EFE fontes parlamentares.

Tatjana Zdanoka reconheceu ter correspondido entre 2004 e 2013 com uma pessoa identificada pelos investigadores como agente do FSB, mas negou conhecer as suas ligações aos serviços secretos russos.

Na Letónia, a eurodeputada tem sido vista como uma agente de influência russa desde que entrou na política, no final da década de 1980.

Com formação matemática, Zdanoka, que nasceu em Riga, em 1950, foi membro do Partido Comunista da União Soviética entre 1971 e 1991 (algo que afirma na sua página do Parlamento Europeu) e tornou-se ativa no apoio aos interesses russos no início da década de 1990, depois da independência da Letónia. Zdanoka recebeu a cidadania letã em 1996 e fala russo, letão, inglês e francês.