A greve dos jornalistas está convocada para 14 de março, a segunda paralisação do setor em 40 anos (a última foi em 1982).
"Espero uma forte adesão porque na verdade a precariedade é muito mais alta que na generalidade dos outros setores, os salários são cada vez mais baixos, não temos progressões de carreira reiteradamente nos últimos 20 anos", elencou Luís Simões, em declarações à Lusa.
"Não fazemos greve há 40 anos, neste momento temos mais que do que motivos para o fazer porque na verdade o exercício do jornalismo degradou-se de uma forma incrível" neste tempo, prosseguiu, apontando que atualmente os salários "são mínimos e a exigência para os jornalistas é máximo".
Por isso, "temos todos os motivos para acreditar que vamos ter uma adesão muito forte à greve", sublinhou o presidente do SJ.
Esta paralisação não assenta apenas em exigências laborais, mas também há outro fator que leva os jornalistas a paralisarem na quinta-feira: "O jornalismo neste momento em Portugal não é de todo apoiado", enfatizou.
Num contexto em que na União Europeia procura apoiar o jornalismo, "Portugal é dos países da União em que 'per capita' [por pessoa] menos apoios há para a comunicação social", destacou.
Por isso, a greve é "também um grito de alerta para o poder político e para os decisores: ou se apoia agora o jornalismo livre e independente ou vai ser tarde demais".
Até porque, ao contrário do que acontece no jornalismo, "o investimento na desinformação é enorme e é desta forma que se corroem os pilares da democracia", pelo que "chegou o momento de dizermos ou apoiam agora ou vai ser uma tragédia", reforçou Luís Simões.
O dia da greve será marcado por uma concentração de jornalistas em Coimbra, pelas 09:00, depois outra no Porto, na praça Humberto Delgado, pelas 12:00, o mesmo acontecendo à mesma hora em Ponta Delgada.
Em Lisboa, a concentração terá lugar no Largo do Camões pelas 18:00, em que também se faz um apelo à sociedade civil para estar presente.
De um universo de mais de 5.000 jornalistas em Portugal, o SJ conta atualmente com "2.451 sócios".
O número de sócios "tem aumentado", adiantou Luís Simões.
No entanto, "o número de jornalistas vai aumentado, mas os salários são tão baixos que para cada um que sai são precisos entrar três ou quatro porque hoje ganha-se muito mal no jornalismo", sublinhou.
"Não se pode ganhar muito mal numa profissão" com as exigências do jornalismo, "o salário médio de um jornalista hoje não chega aos 1.000 euros, quando a maior parte deles está nos centros urbanos", onde os custos da habitação são elevadíssimos, apontou.
"É muito difícil fazer jornalismo assim", rematou Luís Simões.
O caderno reivindicativo pode ser consultado aqui.
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