“O sindicato recorda que, nos últimos dias, questionou a administração a propósito do seu plano de contingência e, até ao momento, não obteve qualquer resposta. Hoje o SITE Sul novamente questionou a administração da VW Autoeuropa sobre as medidas de prevenção”, pode ler-se no comunicado.
“Entretanto foi divulgado que já existe plano de contingência genérico, mas não são conhecidas medidas objetivas que respondam perante o facto de existir na fábrica grande concentração de trabalhadores”, segundo a mesma nota.
O sindicato sublinhou que “o acesso ao refeitório continua a ser feito com as rotinas normais, o que é pouco compreensível, tal como sucede com os balneários” e que “milhares de trabalhadores deslocam-se todos os dias para a fábrica também com as mesmas rotinas de sempre, isto é, de autocarro”.
A mesma entidade assinalou que “não pretende contribuir para qualquer ambiente de pânico e desnorte, mas sim acautelar a saúde dos trabalhadores e seus familiares, bem como de toda a comunidade”, mas que espera por parte da “administração uma decisão sobre medidas e comportamentos preventivos mais adequados”.
Na sexta-feira, a Associação Industrial da Península de Setúbal (AISET) disse à Lusa que não tinha qualquer conhecimento de casos nas empresas associadas,, entre as quais as maiores empresas da região, como a Autoeuropa, Navigator, Secil, Lisnave, Lusosíder e SGL (antiga Fisipe).
Uma das empresas onde o teletrabalho é inviável para a grande maioria dos trabalhadores, e que também é das empresas mais expostas ao exterior, é precisamente a maior empregadora da região, a fábrica de automóveis da Autoeuropa, em Palmela.
Com mais de 5.000 colaboradores, a Autoeuropa, do grupo Volkswagen, não só precisa todos os dias da grande maioria desses trabalhadores na fábrica, como também está muito exposta, uma vez que recebe todos os dias componentes para o fabrico de automóveis das mais diversas proveniências.
A Autoeuropa garantiu, também na sexta-feira, que, até ao momento, ainda não foi detetado nenhum caso de contaminação pelo novo coronavírus na fábrica de Palmela, que cedo adotou as recomendações da Direção-Geral da Saúde (DGS).
“Adotámos as recomendações da DGS para prevenção do surto de Covid-19 cerca de duas semanas antes do primeiro caso em Portugal, ou seja, ainda antes de o Governo implementar as primeiras medidas”, disse à agência Lusa fonte oficial da empresa.
A mesma fonte da Autoeuropa revelou que a fábrica de Palmela está a trabalhar de “forma normalizada” e que o “abastecimento de componentes está a ser feito de forma regular”.
“Algumas fábricas chinesas que fornecem componentes para os automóveis produzidos em Palmela interromperam a produção [devido ao surto da Covid-19 na China], mas não houve nenhuma rutura no fornecimento de peças e essas fábricas já retomaram a laboração”, disse.
O novo coronavírus foi detetado pela primeira vez em dezembro, na China, e já provocou mais de 5.700 mortos em todo o mundo.
O número de infetados ultrapassa agora os 151 mil, com registos em 137 países e territórios, incluindo Portugal, que tem 169 casos confirmados.
A Organização Mundial da Saúde declarou entretanto que o epicentro da pandemia provocada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) se deslocou da China para a Europa, onde se situa o segundo caso mais grave, o da Itália, que anunciou no sábado 175 novas mortes e que regista um total de 1.441 vítimas fatais.
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