Na quarta-feira, os sindicatos dos enfermeiros assumiram que têm baixas expectativas para a reunião de hoje com o Governo e avisam que ou avançam efetivamente as negociações ou avança a “greve cirúrgica”.
Lúcia Leite, presidente da Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros (ASPE), uma das estruturas que marcou a greve, sublinhou que a reunião “não tem agenda” e disse que “o Governo não tem estado objetivamente a negociar”.
A ASPE recordou que uma nova greve cirúrgica em sete hospitais do país deveria ter começado na segunda-feira, prolongando-se até ao fim de fevereiro, mas foi suspensa até hoje, dia da reunião com o Governo.
Pelo Sindicato Democrático dos Enfermeiros Portugueses (Sindepor), a outra estrutura que convocou a greve, Carlos Ramalho disse apenas ter a certeza de que os sindicatos se vão “confrontar com uma reunião política” e avisou: “Ou há avanços nas negociações ou há greve”.
Os dois sindicatos reclamam a criação de uma carreira de enfermagem que contemple três categorias, uma delas de enfermeiro especialista, a antecipação da idade da reforma para os 57 anos e a revisão da grelha salarial com aumento do ordenado base.
Na sexta-feira, o Governo reuniu-se com os sindicatos de enfermeiros, reunião que resultou em algumas cedências aos profissionais – como a criação da categoria de enfermeiro especialista e o descongelamento das progressões na carreira – mas não em todas as reivindicações sindicais, que exigem também aumentos salariais e a antecipação da idade da reforma.
No mesmo dia, a ministra da Saúde, Marta Temido, advertiu que o Governo tem “linhas vermelhas” nas negociações com os enfermeiros, porque não pode pôr em causa a “sustentabilidade financeira” de Portugal e tem de tratar com equidade todas as profissões.
Através de um movimento de profissionais denominado “Movimento Greve Cirúrgica”, os enfermeiros conseguiram já recolher mais de 420 mil euros para ajudar a financiar os colegas que façam greve, através de uma recolha de fundos feita por uma plataforma ‘online’.
Na primeira greve cirúrgica, que decorreu entre 22 de novembro e fim de dezembro passado, este movimento tinha conseguido recolher mais de 360 mil euros para apoiar os colegas em greve, compensando-os por deixarem de receber ordenado.
Estima-se que a greve que terminou no fim de dezembro tenha levado ao adiamento de cerca de oito mil cirurgias programadas, segundo os dados oficiais.
Além da ASPE e do Sindepor, o Governo reúne-se hoje também com o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) e com a Federação dos Sindicatos de Enfermagem (Fense).
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