“Estamos a pensar que vai haver uma boa adesão à greve. Ainda vamos ter mais uns dias para continuar a organizar o transporte, mas podemos dizer que, de fora de Lisboa, já estão garantidas 1.500 pessoas à data de hoje” para a manifestação, disse o secretário-geral do Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações (SNTCT), Vítor Narciso, que falava numa conferência de imprensa com outras estruturas, em Lisboa.
Assegurando que este número “vai crescer nos próximos dois dias”, o sindicalista indicou que estas estruturas apontam como “meta entre 3.000 a 4.000 trabalhadores” para o protesto que parte do Marquês de Pombal, em Lisboa, às 14:30.
Vítor Narciso destacou que, para isso, os sindicatos contam com o apoio das juntas de freguesia e das câmaras municipais, que estão a ceder transporte.
Quanto à adesão à greve nos estabelecimentos dos CTT, Vítor Narciso referiu que “a esmagadora maioria das estações vai abrir, mas isso não quer dizer nada”, já que haverá impactos no serviço prestado.
“Tudo isto para nós é significativo porque há aqui uma vontade de mostrar o desagrado e que é preciso mudar e isso é reverter a privatização dos CTT”, salientou o responsável.
Em causa, segundo os sindicatos, está a degradação da qualidade do serviço universal postal, que se deve à falta de investimento em recursos humanos e em meios e equipamentos.
Questionado pela Lusa, o secretário-geral do Sindicato Democrático dos Trabalhadores dos Correios, Telecomunicações, Media e Serviços (SINDETELCO), José Arsénio, indicou que para já “está fora de questão” desconvocar a greve – a terceira em dois meses – e a manifestação, “a não ser que o Governo venha anunciar a reversão da privatização” até sexta-feira.
José Arsénio frisou, contudo, que estas ações “não têm a ver com política”, mas sim “com a unidade para um objetivo que é comum”, desde logo por abranger autarquias de diferentes partidos e população de todo o país.
“Não podemos continuar a assistir a discursos em que se defende o interior e continuar este caminho”, disse, aludindo ao encerramento de balcões anunciado pela empresa.
Em dezembro passado, os CTT divulgaram um Plano de Transformação Operacional, que prevê, entre outras medidas, a redução de cerca de 800 trabalhadores na área das operações em três anos e a otimização da rede de lojas, através da conversão em postos de correio ou do fecho de lojas com pouca procura.
Inicialmente, foram apontadas 22 estações para encerrar, mas o número baixou depois para 19 com a criação de novos postos dos CTT em locais como juntas de freguesia ou estabelecimentos comerciais.
“Até agora fecharam 16 e agora estão na lista uma série de estações em Lisboa, Coimbra, Porto e até capitais de concelho como Sátão. Eram 22 e serão 40”, referiu Vítor Narciso, do SNTCT, prevendo que “a curto prazo possam ser 60 estações”.
Também a redução de trabalhadores deverá ter um número superior, segundo os sindicatos, para quem os 800 funcionários apontados correspondem às “saídas naturais”, somando-se 600 funcionários a termo.
“Aqui já vamos em 1.400 e se as coisas continuarem assim e a administração continuar a apostar em serviços financeiros e na banca em detrimento do serviço público será muito mais”, sintetizou o responsável, lamentando que o serviço postal seja visto como “uma estopada”.
Da Comissão de Trabalhadores, José Rosário adiantou que “a falta de investimento na empresa põe em causa o futuro dos CTT”.
[Notícia atualizada às 13:58]
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