2011
Após 40 anos de regime totalitário liderado pela família Assad, eclodem protestos sem precedentes a 15 de março. Os manifestantes exigem mais direitos civis e liberdade para os presos políticos.
O levantamento popular é reprimido violentamente em Damasco, Banias e Daraa, o centro da revolta, onde 100 pessoas são alegadamente mortas. Estávamos a 23 de março.
O regime denuncia então uma “rebelião armada de grupos salafistas”, enquanto o Reino Unido, França e Estados Unidos denunciam a repressão. Os protestos alastram em abril, com apelos para o derrube de Assad.
A 30 de julho um coronel refugiado na Turquia anuncia a criação do Exército Sírio Livre, composto por civis que se juntaram à rebelião, treinados por desertores do exército. Outros grupos de tendência islamita juntam-se à rebelião.
2013
A 17 de julho, a rebelião moderada do Exército Sírio Livre desencadeia a batalha por Damasco, mas as forças governamentais conseguem resistir, enquanto os rebeldes cercam a capital.
Apenas três dias depois os que contestam Assad iniciam uma ofensiva na cidade de Aleppo (norte), desde então dividida, com a zona leste ocupada pelos rebeldes e a zona oeste pelas forças do regime.
Em agosto, entra em cena no conflito armamento pesado, incluindo aviões. No final do mesmo mês, no dia 21, os Estados Unidos acusam o regime de ter matado mais de 1.400 pessoas com armas químicas em duas zonas controladas pelos rebeldes, perto de Damasco.
Logo no mês seguinte, Washington e Moscovo concordam num plano para eliminar as armas químicas, afastando desta forma a ameaça de ataques aéreos norte-americanos.
2014
No início do ano, em janeiro, os extremistas do autoproclamado Estado Islâmico no Iraque e no Levante (EIIL) conquistam a cidade de Raqa (norte), depois de combates contra rebeldes rivais.
O grupo ‘jihadista’ autoproclamado Estado Islâmico (EI), que emerge no conflito em 2013, garante rapidamente importantes avanços territoriais no nordeste do país, impondo-se à inicial rebelião antirregime.
No final de junho, o EIIL passa a se chamar Estado Islâmico (EI) e autoproclama um califado nas zonas conquistadas na Síria e no vizinho Iraque. Raqqa é a “capital” deste califado e o grupo impõe nas zonas por si controladas uma interpretação radical da lei islâmica.
O EI reivindica numerosas execuções, incluindo de reféns ocidentais. Os ‘jihadistas’, em particular a Frente Al-Nursa, filiada na Al-Qaida, reforçam a sua presença no norte do país, em detrimento do Exército Sírio Livre.
2015
A 26 de janeiro, após mais de quatro meses de duros combates, as forças curdas apoiadas por ataques aéreos liderados pelos Estados Unidos expulsam o autoproclamado Estado Islâmico de Kobane, junto à fronteira com a Turquia.
Dois meses depois, a 28 de março, a Frente Al-Nursa, apoiada por grupos rebeldes aliados, assumem o controlo de grande parte da cidade de Idlib (noroeste), a segunda capital provincial depois de Raqa que o governo deixa de controlar.
Assad, apesar de considerar que a guerra não está perdida, reconhece em maio deste ano que o regime está enfraquecido.
A ajuda “de peso” ao regime chega a 30 de setembro, altura em que a Rússia desencadeia ataques aéreos na Síria, assegurado porém que as intervenções visam somente “grupos terroristas”, entre os quais o EI. Pelo contrário, os rebeldes e seus apoiantes internacionais dizem que estão a ser atingidas as posições dos opositores moderados do regime, com o objetivo de alavancar o regime de Assad.
A 7 de outubro, as forças governamentais sírias desencadeiam uma vasta ofensiva terrestre contra os rebeldes na província central de Hama, apoiadas por intensos bombardeamentos aéreos russos. Moscovo refere que a sua marinha também disparou mísseis de cruzeiro contra posições rebeldes a partir do Mar Cáspio.
O auxílio russo salva Assad da derrota certa.
2016
A Turquia lança a 24 de agosto a operação "Escudo de Eufrates" na província de Alepo contra dois grupos que considera terroristas: o autoproclamado Estado Islâmico e os combatentes das Unidades de Proteção do Povo Curdo (YPG), aliados de Washington na luta contra os extremistas.
No início de novembro, dia 5, a força curdo-árabe, apoiada pelos Estados Unidos, lança uma grande ofensiva para recuperar Raqa, “capital” do califado do Estado Islâmico na Síria, paralelamente à ofensiva realizada em Mossul, o reduto do EI no Iraque.
No final do ano passado, a 30 de dezembro, entra em vigor um cessar-fogo global em virtude de um acordo alcançado sob a égide da Rússia e da Turquia, sem os Estados Unidos.
2017
A 4 de abril deste ano 86 civis perderam a vida, entre os quais 30 crianças, vítimas de um alegado ataque químico na cidade rebelde de Khan Sheikhun (província de Idleb, norte). A oposição a Assad e o Ocidente acusam Damasco da autoria do ataque com gás sarin. Assad e Putin negam.
Em resposta, três dias depois, os Estados Unidos lançam 59 mísseis de cruzeiro contra base aérea síria de Al Shayrat. Nove civis, incluindo quatro crianças, morreram no ataque, segundo informações da agência de informação síria Sana. O exército sírio fala em seis vítimas mortais na base.
O ambiente é crispado entre Moscovo, favorável ao regime de Assad, e Washington, que apoia as forças da oposição.
Trump acusa "o ditador sírio Bashar al-Assad (de ter) lançado um horrível ataque com armas químicas contra civis inocentes (...) ao utilizar um agente neurotóxico mortal”, e justifica a ofensiva como sendo "do interesse vital da segurança nacional dos Estados Unidos prevenir e impedir a proliferação e utilização de armas químicas".
Putin, por seu turno, “considera que os ataques norte-americanos na Síria são uma agressão contra um Estado soberano e uma violação do direito internacional, já que aconteceram sob um pretexto inventado”, disse à imprensa o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
Em resposta, a Rússia decidiu suspender o acordo firmado com Washington para impedir incidentes entre aviões dos dois países durante operações da coligação internacional na Síria.
Seis anos de conflito, 320 mil mortos e mais de cinco milhões de refugiados. O resultado de uma guerra sem fim à vista.
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