Dois homens — irmãos — de nacionalidade iraquiana, de 32 e 34 anos, foram detidos na quarta-feira por suspeitas de ligações ao Estado Islâmico. Ambos estavam a ser monitorizados e vigiados pela Polícia Judiciária (PJ) desde 2017.
De acordo com a edição de hoje do Público, foi nesse ano, em março, que chegaram a Portugal através da Unidade de Asilo Grega — depois de uma viagem atribulada que começou no Iraque, em Mossul, e que passou pela Turquia, acabando na costa do Mar Egeu, em Lesbos, na Grécia, onde terão trabalhado como intérpretes.
O que estes homens não sabiam é que poucos meses após a sua chegada, em julho de 2017, a PJ já os vigiava depois de um outro iraquiano, na Delegação Regional de Leiria, os ter denunciado como sendo militantes do Estado Islâmico, aludindo ainda ao facto do irmão mais velho ocupar lugar de destaque na organização em Mossul, facto que levou o SEF a partilhar esta informação com as autoridades.
Acresce ainda que, em 2018, o irmão mais velho já era considerado um "risco para a segurança interna" para o Serviço de Informação e Segurança (SIS). O Público detalha os motivos: o SIS, em sede de cooperação internacional, "obteve informações de serviço congénere sobre quatro indivíduos do Daesh que estariam decididos a cometer um ataque na Alemanha".
As suspeitas adensaram-se quando este foi à Alemanha um mês depois da denúncia do outro iraquiano em Leiria para iniciar o pedido de proteção internacional lá — cansado de esperar pela demora do processo em Portugal —, mas apenas para regressar a território nacional quando viu as suas intenções goradas.
O Público adianta que o irmão mais velho teve mais dificuldade em integrar-se do que o mais novo. Não falava português e deu grandes mostras de "frustração e hostilidade", tendo, inclusive, em março de 2019, no Gabinete de Asilo e Refugiados, ameaçado que se ia suicidar. "Mas não morro sozinho. Estou a falar a sério", terá dito.
Por fim, as informações que chegaram do Iraque nas últimas semanas confirmaram as suspeitas que já existiam no seio da PJ — os dois eram procurados por terem cometido crimes em nome do Estado Islâmico.
Os dois iraquianos estão agora em prisão preventiva por decisão do juiz de instrução criminal.
(Notícia atualizada às 9h36)
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