“O fornecimento desse sistema responde à urgência manifestada pelo ministro da Defesa ucraniano, Oleksii Reznikov, aos seus homólogos francês e italiano, de proteger as populações e infraestruturas civis face aos ataques aéreos russos”, acrescenta o comunicado.
O ministro francês Sébastien Lecornu e o seu homólogo italiano Guido Crosetto contactaram hoje por telefone para concluir esta entrega, que estava em discussão há várias semanas.
“Os dois ministros finalizaram as discussões técnicas (…) para entregar à Ucrânia na primavera de 2023 o sistema de defesa antiaérea SAMP/T — MAMBA. Trata-se do primeiro sistema antimísseis europeu de longo alcance, de conceção franco-italiana”, precisou o ministério.
O anúncio surge após a vista de Reznikov a Paris esta semana.
Desde há meses que a Ucrânia solicita o reforço do seu sistema de defesa terra-ar, em particular após uma vaga de ataques russos sobre as suas infraestruturas, com uso de drones iranianos.
O MAMBA, equivalente ao sistema Patriot norte-americano, já foi deslocado para a Roménia e instalado na região estratégica do porto de Constança, junto ao mar Negro.
Com este sistema, o seu radar e o sistema múltiplo de oito mísseis Áster com alcance de 100 quilómetros, “podemos contrariar um vasto leque de ameaças aéreas: mísseis balísticos de curto alcance, aviões de caça, helicópteros, drones e mesmo mísseis de cruzeiro com disparos múltiplos”, disse em dezembro à agência noticiosa AFP na Roménia um militar francês.
Na terça-feira, a França tinha já anunciado a entrega nas próximas semanas de mais 12 canhões Caesar de 155mm, permitindo a Kiev dispor de 49 exemplares no total, “uma quantidade nada negligenciável”, sublinhou Sébastien Lecornu.
Paris também prometeu um radar Ground Master 200 (GM200) produzido pela empresa francesa Thales. Este radar de médio alcance permite detetar um aparelho inimigo a 205 quilómetros e combatê-lo a 100 quilómetros, quer voe a baixa altitude e pouca velocidade como os drones, ou a alta altitude como os aviões de combate.
Segundo o seu fabricante, que já vendeu mais de 60 exemplares no mundo, assegura ainda uma proteção face aos ‘rockets’ e disparos de artilharia, ao alertar as tropas no terreno dos disparos inimigos. É transportado num camião.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14 milhões de pessoas — 6,5 milhões de deslocados internos e mais de oito milhões para países europeus — , de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Neste momento, 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa — justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia — foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 7.110 civis mortos e 11.547 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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