O Governador do Namibe, Carlos Rocha da Cruz, indicou que a colisão ocorreu próximo de Muninho, no município de Bibala, na província do Namibe, na linha dos Caminhos de Ferro de Moçâmedes (CFM), e que há pelo menos 12 feridos, que estão a ser transportados para o hospital mais próximo, o de Bibala, a 180 quilómetros.

Segundo Rocha da Cruz, duas das vítimas mortais são os maquinistas, um de nacionalidade angolana e outro chinês.

Admitiu que o número de mortes pode subir, já que existem feridos graves e algumas pessoas encarceradas nas ferragens.

A circulação de comboios entre o Lubango e o Namibe está suspensa até que se removam as duas composições.

“Aguardamos também por uma equipa do Instituto Nacional dos Caminhos-de-ferro, que, nestas circunstâncias, desencadeia um inquérito para apurar as reais causas”, disse.

Segundo o diretor da empresa CFM, Daniel Quipaxe, o acidente ocorreu às 06:30 (mesma hora em Lisboa) de hoje e terá tido origem num erro humano.

“A colisão deu-se entre o comboio que seguia no sentido Lubango/Namibe, que transportava granito, e o que fazia a manutenção da via, sob responsabilidade chinesa, que circulava no sentido contrário [Namibe/Bibala]. Infelizmente aconteceu o acidente, que resultou em danos materiais e humanos”, disse o responsável em declarações à rádio pública angolana.

Daniel Quipaxe avançou que já está uma comissão a trabalhar para apurar as causas do acidente, mas indicou haver indicações de que se poderá ter tratado de um “erro humano” por parte de quem devia ter feito a comunicação antecipada da circulação dos dois comboios, “que não o fez no momento oportuno”.

Nesta altura decorrem igualmente, trabalhos para o desencarceramento da máquina chinesa “que foi a que mais sofreu”.

“Pensamos que deve haver mais vítimas na locomotiva chinesa. Existem condições e já lá estão os bombeiros também a colaborar connosco”, explicou Daniel Quipaxe, acrescentando que aquela via ficará interrompida enquanto se processa o desencarceramento e a retirada das duas composições.

Uma fonte da administração técnica do CFM, citada pela agência de notícias angolana Angop, disse que um funcionário da empresa recebeu a comunicação da composição chinesa que iria proceder a um serviço de manutenção da linha, mas que se terá esquecido de avisar o comboio que seguia em sentido contrário.

Segundo a fonte, a informação só viria a ser comunicada depois do acidente.

Os feridos, dos quais dois já têm alta médica, receberam os primeiros socorros no Hospital Municipal da Bibala e depois foram transferidos para o Hospital Provincial da Huíla, a semelhança das vítimas mortais depositadas na morgue da instituição.

O troço entre Lubango e Moçâmedes é de 260 quilómetros. Nos últimos dois anos este é o segundo acidente.

Em fevereiro deste ano uma composição descarrilou, mas sem causar vítimas.

Presidente da República já reagiu

Marcelo Rebelo de Sousa, endereçou hoje uma mensagem de condolências ao homólogo angolano, João Lourenço, na sequência da colisão entre dois comboios, no sul de Angola, que provocou pelo menos 17 mortos.

Uma mensagem disponibilizada pela Presidência da República portuguesa na sua página oficial na Internet refere que, ao “tomar conhecimento” da colisão entre dois comboios, na província do Namibe, o Presidente “endereçou uma mensagem ao Presidente de Angola, João Lourenço, expressando as suas condolências por este trágico acidente, bem como a solidariedade para com o povo irmão angolano”.