A embarcação a bordo da qual as vítimas se encontravam virou-se em águas internacionais ao largo da península do Peloponeso, anunciou a guarda costeira grega.
Uma vasta operação de salvamento iniciada hoje de manhã permitiu resgatar um total de 104 pessoas, quatro das quais foram hospitalizadas em Kalamata, uma cidade do sul do Peloponeso, acrescentou a guarda costeira.
As buscas prosseguiram durante a tarde, afirmando as autoridades gregas que passageiros do barco de pesca lhes garantiram que havia pelo menos 750 pessoas a bordo.
As estações de televisão gregas mostraram imagens dos sobreviventes, envoltos em cobertores cinzentos e com máscaras protetoras no rosto, a sair de um iate que foi socorrê-los em alto mar, com a inscrição Georgetown, capital das ilhas Caimão. Outros foram retirados em macas.
Nenhuma informação foi até agora fornecida sobre nacionalidade, género e idades destas pessoas.
A Presidente da República grega, Katerina Sakellaropoulou, viajou até ao local.
As águas ao largo da Grécia têm sido cenário de muitos naufrágios de embarcações de migrantes, muitas vezes em mau estado e sobrelotadas, mas este foi, até agora, o maior balanço de vítimas humanas desde que, a 03 de junho de 2016, pelo menos 320 pessoas morreram ou desapareceram quando o barco em que seguiam se afundou no mar.
A guarda costeira grega precisou que, no momento da tragédia, na noite de terça para quarta-feira, a 47 milhas náuticas (87 quilómetros) de Pilos, no mar Jónico, nenhum dos migrantes a bordo do barco de pesca estava equipado com colete salva-vidas.
A embarcação foi localizada na terça-feira à tarde por um avião da Frontex, a agência europeia de segurança fronteiriça e costeira, mas os migrantes a bordo “recusaram qualquer ajuda”, indicaram num comunicado anterior as autoridades portuárias gregas.
Além dos barcos de patrulha da polícia portuária, uma fragata da Marinha de guerra grega, um avião e um helicóptero da Força Aérea, bem como seis barcos que navegavam naquela zona participaram na operação de salvamento.
Segundo informações das autoridades, a embarcação naufragada tinha zarpado da Líbia com destino a Itália.
Nas fronteiras externas da União Europeia no mar Mediterrâneo, a Grécia é uma entrada habitual para muitos daqueles que tentam migrar para a União Europeia (UE) a partir da vizinha Turquia.
Muitos naufrágios, muitas vezes mortais, ocorrem no mar Egeu, sendo a Grécia regularmente acusada por organizações não-governamentais (ONG) e pela comunicação social de deportar migrantes que pedem asilo na UE.
Além desta rota, estas pessoas tentam também ir diretamente para Itália atravessando o Mediterrâneo a sul do Peloponeso ou da ilha de Creta.
Desde o início do ano, 44 pessoas morreram afogadas no Mediterrâneo oriental, segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM). No ano passado, o número de pessoas que morreram dessa forma ascendeu a 372.
Em campanha eleitoral para as eleições legislativas de 25 de junho, o ex-primeiro-ministro conservador grego, Kyriakos Mitsotakis, decidiu cancelar um comício agendado para o fim do dia de hoje em Patras, o grande porto da região do Peloponeso, anunciou o seu partido, Nova Democracia (ND).
O político, que protagonizou, durante os seus quatro anos de Governo, uma política muito dura em matéria de imigração, conversou por telefone com o primeiro-ministro interino, Ioannis Sarmas, que, até às legislativas, está “em comunicação com as autoridades competentes” e a ser “permanentemente informado” sobre a evolução da situação, segundo o seu gabinete.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, declarou-se “profundamente triste” e defendeu, na rede social Twitter, que os Estados-membros da UE devem “continuar a trabalhar em conjunto, com (…) os países terceiros para impedir tais tragédias”.
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