E se de repente ficasse milionário? Foi esta a pergunta que correu durante minutos pela nossa redação enquanto combinávamos uma aposta conjunta no Euromilhões que vai hoje, finalmente, atribuir o prémio de 190 milhões de euros que há quatro sorteios que adorna o primeiro prémio deste jogo. Há 11 semanas que ninguém leva o primeiro prémio para casa.
Uns não apareciam na redação no dia seguinte, outros investiam neste e em novos projetos. Eu não vou dizer em que grupo me incluo, não quero que o leitor leve a mal quando embarcar num cruzeiro pelo Mediterrâneo.
Fora de brincadeiras, é um momento que exige uma sorte irrisória. É único. Ganhar o Euromilhões uma vez é incrível, repetir o feito é praticamente inimaginável, para além de, estatisticamente falando, praticamente impossível. Mas já aconteceu. Pergunta-se: se já teve toda a sorte no mundo nas mãos, porquê tentar outra vez? Tinha um tio que me dizia que o mundo era dos insatisfeitos e talvez tenha razão. Talvez António Costa seja um insatisfeito com apenas quatro anos de uma solução governativa que alguns apelidaram de milagrosa e que é, incontestavelmente, um caso de estudo na política portuguesa. Talvez seja por isso que Costa quer mais quatro anos.
Hoje os partidos começaram a ser recebidos no Palácio de Belém por Marcelo Rebelo de Sousa e a partir de quarta-feira António Costa vai começar a reunir-se com potenciais parceiros de governo ou partidos que possam fazer acordos de incidência parlamentar. Cheira a Geringonça 2.0 ou “aranhonça”, como disse Carlos Guimarães Pinto, presidente da Iniciativa Liberal, desta vez com moldes diferentes com o PCP a parecer mais reticente e Livre, BE e PEV a parecerem mais favoráveis à repetição da última solução.
A pergunta é: está António Costa a querer mais, a querer fazer história, ou a abusar da sorte e a habilitar-se a deitar tudo a perder?
Sugestões:
Sinto que neste momento faço parte do 1% da população mundial que ainda não viu o "Joker". Tratarei de corrigir tal falha na minha cultura cinematográfica amanhã. Caso seja uma destas pessoas, vá também ao cinema e volte a sentir que pertence à sociedade.
Ouça o novo álbum de Nick Cave (como é um álbum de Nick Cave não preciso de fazer mais nenhum tipo de enquadramento, pois não?)
Veja o documentário “Rolling Thunder Revue: A Bob Dylan Story by Martin Scorsese”. Um retrato de Bob Dylan como nunca viu.
O meu nome é Tomás Albino Gomes e hoje o dia foi assim.
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